"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Meu Diário
24/04/2012 21h25
MÁRIO CARPES, O NOSSO ADEUS NÃO É PARA SEMPRE

   Há alguns dias recebi uma notícia que me deu um sofrenaço no coração: Mário Carpes havia morrido. Eu estava andando em plena Andradas (Rua da Praia), no centro de Porto Alegre, e o chão me faltou. Recebi uma ligação do Rafael, filho do Mário, que me contou o que havia acontecido. Eu não podia acreditar. Receber uma notícia assim dá vertigem, incredulidade, um atarantamento, uma vontade de dizer tudo e não falar nada, um misto de irresignação e impotência. Desliguei o telefone e continuei andando, como quem vai a esmo, pisando em nadas, num descompasso febril.
O Mário Carpes era uma dessas pessoas que têm aura e transparência. Ele fica nosso amigo sem formalidades. Bastava vê-lo abrir um sorriso e a gente já se sentia acolhido. Uma amizade com o Mário não precisava evoluir. Ela já nascia pronta e ele nos cativava de ofício, num upa. Conheci-o por ocasião do lançamento do CD do Délvio Oviedo na Estância de São Pedro, penso que em meados dos anos 2000.
O Mário tinha um orgulho ferrenho de ter nascido em Itaqui, coisas que nós, itaquienses, costumamos ter num grau muito elevado. Sempre que nos encontrávamos pelas ruas da Capital, Itaqui e as pessoas que nela moram ou moraram eram um dos nossos assuntos. Lembro-me do Mário sempre ativo na programação do piquete Portal do Rio Grande, durante a Semana Farroupilha. Quando ele estava lá, inebriava o ambiente com sua presença marcante e com seu jeito expansivo, sempre instigando um clima de congraçamento e de culto às coisas belas de Itaqui.
Eu sei que o Mário Carpes vai fazer uma falta enorme, para Itaqui, para seus amigos e, principalmente, para seus familiares. À sua esposa Tânia e aos seus filhos quero dizer que me sinto privilegiado por ter convivido com uma pessoa de tal estirpe, de alto relevo afetivo, social e profissional. Sua memória e suas diversas facetas como homem, como empreendedor, como formador de uma linda família, como amigo dos seus amigos hão de minorar a dor e ajudar a enfrentar esse aflitivo momento de perda.
    Aos itaquienses digo que se foi um dos nossos bravos, desses que amou nossa cidade com a força mais recôndita da sua alma. Resta agora esperar que a Câmara Municipal reconheça o trabalho do Mario Carpes e conceda-lhe uma justa homenagem, talvez uma denominação de rua para que o seu nome integre para sempre o mapa de Itaqui.
    Adeus, Mário Carpes, até um dia, pois o nosso adeus não é para sempre, como está insculpido no pórtico de Itaqui. Só mais uma coisa: para te homenagear, deixo esta quadra. É tua, pela falta que irás nos fazer. (Landro Oviedo)

“Mario Carpes, meu amigo
Legenda do Itaqui
O mundo vai seguir mundo
Mas menos mundo sem ti.”

 

Mário Carpes, Tânia (esposa), eu e Pacheco (sogro) durante a Semana Farroupilha (2011), em Porto Alegre, no piquete Portal do Rio Grande

Publicado por Landro Oviedo
em 24/04/2012 às 21h25
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