(UM CHIBO QUE DEU EM MORTE Noite medonha de maio Que aconteceu este fato Para fazer o relato Me juntei com o João Sampaio Amadrinhando este ensaio O Jorge Guedes, que afina Para cantar essa sina De um chibo que deu em morte Co'o Xisto costeando a sorte Entre Brasil e Argentina.)
A ÚLTIMA TRAVESSIA DE XISTO MOTTA
Madrugada, vinha o Xisto
Cruzando o Uruguai solito
Quando do fundo da noite
Ouviu rumores e um grito
No caíque “bien cargado”
“Gajeta”, azeite, farinha
Tudo o que a Dona Tiloca
Lhe disse que já não tinha
O Xisto sentiu o perigo
Nessa hora de cruzar
A morte rondando perto
Com os patrulheiros de Alvear
Antigas rivalidades
Se acenderam no momento
E o Xisto era o Rio Grande
Voltando ao acampamento
(Um taura chibeando penas
Nas horas mortas da vida
Tem a alma dos costeiros
Que se gastaram na lida)
Três correntinos matreiros
Deram ordem de parar
E da lancha da Marinha
Tiros se ouviram no ar
O Xisto arrancou dum “trinta”
Um tiro, um corpo que cai
E o sangue de um castelhano
Tingiu de rubro o Uruguai
O Xisto se largou n'água
Gato do mato em destreza
E entregou a alma e o destino
Aos deuses da correnteza
Nunca mais voltou o Xisto
Ao ofício que o prendia
Foi o último chibeiro
Na última travessia.