Não, eu não quero ter presentes no Natal
Eu quero estar presente, quero minimizar ausências e saudades
Quero falar do brilho no olhar de quem já partiu
Que um dia ficou plasmado em minha retina
Quero roçar meu frêmito efêmero de vida
Na epiderme da alma de quem me ama,
De quem eu amo, de quem eu chamo.
Neste Natal, quero saber das palavras
Que um dia serão signos na boca de quem me virá
Assim como digo as coisas que meus avós me disseram
Que meu pai e minha mãe repetiram
Neste Natal, quero vida, quero sonhos, quero saberes
Quero a particularidade plena do momento
Quero o braço e o abraço
Quero o riso aleatório das crianças
Quero a leveza da vida
Porque somos uma fatalidade
Não nos escolhemos
Mas podemos escolher com quem vamos
compartilhar a sonoridade de estar vivo
num dia qualquer da eternidade.
Feliz Natal a todos...
Imaginem o mundo sem acordes, sem melodias. Seria uma vida mais pobre de sentimentos, de expressão, de interpretação da vida. Graças aos músicos, podemos ver o lado colorido da existência, mas também as dores consignadas pelo mundo, porque viver é estar inteiro, aprendendo a cada dia e colhendo flores, frutos, espinhos e escamas cintilantes no mar do cotidiano. Obrigado aos músicos, com os quais tenho dívidas impagáveis por me alcançarem a trilha sonora do desfilar dos meus dias e da minha história.
O livro "João Cândido - A Revolta da Chibata" (Editora da Cidade, 3ª ed., Porto Alegre, 2010), de Paulo Ricardo de Moraes, resgata a figura histórica de João Cândido, o Almirante Negro, que liderou uma revolta contra os castigos físicos na Marinha em 1910. Por conta disso, foi perseguido por essa força militar até sua morte, em 1969.
Agora, estamos vivendo a Semana da Consciência Negra, que tem seu ápice no dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A ocasião é oportuna para relembrarmos como conseguimos colocar uma herma para João Cândido em pleno Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, por volta dos anos 2000. Do livro citado, retiro parte do relato do jornalista e ex-vereador Lauro Hagemann. Muito me honra uma modesta participação. Eu estava lá, na hora certa, com as pessoas certas, com a causa certa.
"A questão do João Cândido é interessante. Nos almoços de que participávamos com partidários, vereadores e assessores da Câmara Municipal de Porto Alegre, sempre falávamos sobre a comemoração dos vinte anos da Anistia. O que tinha acontecido, o que não tinha, quais de nós tínhamos sido anistiados, quais não tínhamos. Lembrando os episódios nos demos conta que estava faltando gente a ser anistiada. Temos quatrocentos marinheiros que ainda reivindicam a anistia.
Então, Landro Oviedo, professor de Literatura, que não é nosso partidário, mas ia muito ao meu gabinete para promover algumas coisas, sugeriu a ideia: 'Existe uma pessoa que na história brasileira que não foi anistiada nunca, não é de hoje, um tal de João Cândido, o herói da chibata. Quem sabe não fazemos um movimento?' Montamos uma campanha para a comemoração dos vinte anos da Anistia, junto com a campanha do João Cândido, do resgate de sua memória para homenageá-lo no dia 22 de novembro, que é o Dia da Revolta da Chibata. A minha proposta, aprovada dia 3 de dezembro de 1999, foi que 'o dia 22 de novembro seja lembrado em nossa cidade como 'Dia da Cidadania e de Luta pelos Direitos Humanos' em homenagem a João Cândido, o Almirante Negro. O projeto de lei também autorizou o Executivo Municipal a construir um monumento em homenagem ao marinheiro. Esse campanha que levantamos conseguiu sensibilizar e mobilizar os movimentos negros da cidade (...)."
Foto: Herma de João Cândido, herói negro e popular, em Porto Alegre
Recebi um chasque do grande cantor e compositor missioneiro Pedro Ortaça, que dispensa apresentações. Já atendi ao seu pedido, com muito gosto e deferência. Abaixo transcrevo sua mensagem, que muito me alegrou.
"Em 30/10/2012 11:31, Recanto das Letras < recantodasletras@recantodasletras.com.br > escreveu:
Assunto: Troncos misisoneiro
Nome: Pedro Ortaça
E-mail: pedroortaca@viacom.com.br
Mensagem:
Manda pra mim a cópia do que escreveu falando dos troncos missioneiros, é para meu arquivo! Vou te enviar cópia do projeto que denomina São Luiz Gonzaga Capital da Música Missioneira.
Um grande abraço, amigo!
Pedro Ortaça"
Pedro Ortaça, legenda e legado das Missões na voz de um cantor do povo
Mostro para todos os apreciadores da boa arte do Rio Grande do Sul este poema do magistral poeta Apparício Silva Rillo recitado pelo talentoso poeta e declamador Rodrigo Medeiros. Esta interpretação é mais como um relato ao pé do ouvido, diferente de outras, não menos meritórias, em que predomina um tom épico. Rodrigo Medeiros dá um colorido de narrativa poética a este texto, contado como um causo ao crepitar de um fogo de chão de um galpão de estância.
Puxe um banco e ouça:
(Clique abaixo)
http://soundcloud.com/landrooviedo/contrabando
Capa do CD do poeta Rodrigo Medeiros - Contatos com o autor: (51) 9919-5577 e e-mail rodrigo.canani@gmail.com