POSSE NA APL. Tentarei estar presente. Passo Fundo é uma referência na minha vida. Será uma oportunidade de rever os amigos escritores Paulo Monteiro , Ivaldino Tasca e Tau Golin, além de reencontrar outras pessoas queridas. E caminhar pelas ruas de Passo Fundo é como ombrear com tempos idos e vividos, além de reavivar antigos sentimentos que trazemos ensarilhados. Parabéns aos acadêmicos, aos que tomam posse e aos que fazem e respiram cultura nessa linda e majestosa cidade.
Correio do Povo, terça-feira, 3.12.2013, p. 15
Até que esses ciclistas urbanoides metidos a expectorar regras tiveram sorte. Se eles pegam o Chiru Velho aluado, iriam levar uma sova de relho em plena ciclovia. Parabéns ao Chiru Velho por ter se mantido sereno. Mas está na hora de ter também uma cavalovia em cada cidade. Afinal, o Rio Grande foi feito a pata de cavalo e não em duas rodas. Cavaleiros do Rio Grande, uni-vos.
P.S.: A tira é do Sávio Moura (www.saviomoura.com.br) a meu pedido. O traço é dele, a ironia fica por minha conta.
Os deputados federais e os senadores, a serviço do governo federal e dos governos estaduais e municipais, descobriram um pré-sal de arrecadação. Trata-se de usar causas pretensamente justas para extorquir motoristas e proprietários de veículos por meio de multas de trânsito em todo o país. Enquanto isso, os Detrans continuam cada vez mais ineptos e corruptos, as estradas cada vez mais abandonadas e os donos de pedágios arrecadando somas astronômicas.
A nova linha de investida, que inclui ampliar tipos penais dos crimes formais (sem resultado) e os crimes de mera conduta, como é próprio dos regimes ditatoriais, está se transformando no novo motor da arrecadação de verbas que serão usadas para financiar as costumeiras falcatruas que não param de acontecer em todos os governos, principalmente nos do PT.
O que se vê é parlamentares como o senhor senador Magno "Maligno" Malta (PR-ES) apresentando um projeto de lei para multiplicar o valor das multas, além de acabar com o contraditório e a ampla defesa em infrações de trânsito, direitos que já são tratados como piada pelos órgãos de trânsito, que sempre indeferem os recursos. Já o senhor deputado federal Major Fábio (Pros-PB), da pedagogia do cassetete, quer simplesmente rasgar a Constituição ao proibir a divulgação pelas redes sociais das blitze arrecadadora. Ou seja, querem se locupletar elidindo o direito de legítima defesa e de livre manifestação.
Pior é que os governantes e seus acólitos ficam indignados quando dizemos que existe uma indústria da multa de trânsito. Contudo, isso é fato inegável. O dinheiro arrecadado vai todo para os caixas únicos dos governos, as empresas formadas para gerenciar o trânsito, como a EPTC, de Porto Alegre, são todas de regime privado (privado, repito) e os contratos com empresas privadas para equipamentos e guinchos envolvem negociatas de toda ordem. Querem mais? Recentemente, durante uma manifestação salarial, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ameaçou parar de multar. Não deu outra: o governo de Dilma "Ruimsseff" foi lá e pagou rapidinho (Enquanto isso, os aposentados...). Dinheiro é sempre bom, ainda mais quando vem de maneira fácil e em grande quantidade.
Em Porto Alegre, a chamada Balada Segura poderia muito bem ser renomeada de Bolada Segura.
Oswald de Andrade escreveu que é preciso ver com olhos livres. Quando o atacado é grande, é difícil escolher no varejo. Os comentários aqui se sucedem a “la farta”, para todos os gostos e desgostos. Todavia, penso que alguns pontos podem ser pinçados para a lupa dos debates. Sobre a Revolução Farroupilha, até mudei muito minha posição anterior. Tenho até um certo orgulho desse movimento pelo pioneirismo em termos de Brasil. É preferível uma República com mazelas a um Império estratificado. E para quem acha que a prática e as leis da República Rio-Grandense eram menos que o ideal, olhe para o calendário hoje, buscando contextualizar. Não se faz um país harmonioso em meio a uma guerra, acossado pela luta pela sobrevivência. (Em tempo: o voto não era apenas censitário, como se costuma dizer. Basta ler o anteprojeto de Constituição de 1843.)
Sobre o filme “O tempo e o vento” (direção de Jayme Monjardim), fui correndo ver. Também prefiro a minha imaginação, como disse João Sampaio. Contudo, senti-me honrado com a obra. Não podemos entrar no rol daqueles que se queixam que não há produções sobre o Rio Grande do Sul e, quando elas saem, acham um jeito de desmerecê-las. Num país de medianos, infeliz a obra de arte que já nasça correspondendo à expectativa da maioria. O filme é épico como a ficção de Erico Veríssimo, mas é preciso que se diga que o épico não é necessariamente irreal. Aliás, a história do Rio Grande do Sul está cheia de lances épicos, como a morte do intelectual e jornalista Luigi Rossetti, que, depois de correr o mundo, foi morrer como um combatente desajeitado num combate em Viamão em 1840.
Quanto ao separatismo, parece que ainda pagamos tributo a uma circunstância histórica. Contudo, não temos razões étnicas e sociais para querê-lo, talvez de ordem política. Afinal, a ligação com o centro do país é umbilical. Seria uma ingratidão, por certo, com as mulheres de “vida difícil” que vieram do Rio de Janeiro para constituir o tronco honrado das famílias gaúchas e com os paulistas que fariam a viagem inversa das trilhas dos tropeiros para fundar as estâncias no Rio Grande do Sul. Antes de imprimir alguns chavões clássicos, é preciso aprender com as letras miúdas da história. Talvez saibamos menos de nós do que sugere nossa autoimagem.
O cartaz oficial do filme