Amigos e amigas
Se alguma vez vocês fizerem algo muito, mas muito ridículo, eu espero que este vídeo sirva de consolação. Sempre pode haver um vexame maior. Cliquem no linque abaixo:
Para quem gosta de garimpar livros em sebos, a aventura é sempre garantida e a expectativa também. É algo que se pode comparar a uma pescaria. Por vezes, rende algo; doutras vezes, nada. A literatura costuma ser profícua em novidades quando menos se espera.
Foi mais ou menos sem esperar muito que descobri o livro de contos de Altino Machado (1924-2011), "A figura refletida", num sebo na cidade de Guaíba. Comecei a folheá-lo e me vi fisgado de pronto por sua prosa leve, fluente, com tramas bem urdidas e de finais marcantes. Trata-se de contos urbanos cinematográficos, pois vamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos com visão panorâmica numa tela improvisada pela narrativa. São pequenos flagrantes da vida que primeiramente parecem interessar apenas aos personagens. Todavia, parafraseando Karl Marx, nada que é humano nos pode ser estranho. Então, nossa projeção nessa sua classe média ou na arraia-miúda das cidades em transformação é inevitável e tudo acaba nos dizendo respeito, seja para ratificar o que está sendo vivido, seja para suspirar por uma aventura que nunca vivemos.
Confesso que nunca tinha ouvido falar de Altino Machado. Agora, falar dele me parece imperioso e uma questão de justiça literária.
Em brilhante artigo publicado no Estadão (21.9.2021), o articulista Pedro Fernando Nery questiona por que os jovens estão ausentes das decisões efetivas dos destinos da nação. Isso me fez lembrar um trecho da obra de Somerset Maughan.
Advertência: nunca leia Somerset Maughan como mero entretenimento e só faça isso com boa autoestima.
"Ansiava [o jovem Philip] por aventuras e sentia-se ridículo por não ter ainda, na sua idade, experimentado aquilo que a ficção lhe ensinara ser a coisa mais importante da vida. Possuía, no entanto, o dom infeliz de ver tudo como na verdade era, e a realidade diferia terrivelmente do ideal dos seus sonhos.
Não sabia como é vasto, árido e escarpado o país que o viajante da vida tem de atravessar para poder aceitar a realidade. É uma ilusão pensar que a mocidade seja feliz, uma ilusão daqueles que a perderam. Os jovens sabem que são miseráveis, pois alimentam falsos ideais que lhes foram incutidos e todas as vezes que entram em contato com o real sentem-se magoados e contundidos. Dir-se-ia serem vítimas de uma conspiração. Os livros que leem, livros ideais pela necessidade de seleção, e a conversa dos mais velhos, que olham para o passado através da nuvem rosada do esquecimento, preparam-nos para uma vida irreal. São obrigados a descobrir por si próprios que tudo o que leram e tudo o que lhes ensinaram é mentira, mentira, pura mentira. Cada nova descoberta é mais um prego que lhes fixa o corpo à cruz da vida. O estranho é que as próprias pessoas que sofreram esses amargos desenganos trabalham inconscientemente movidas por irresistível força íntima, para criar essa mesma atmosfera." ("Servidão Humana", cap. XIX)
Eu quero agradecer ao apoio recebido do jornalista Celestino Meneghini, de Passo Fundo, que atendeu à minha demanda e da cantora Clary Costa no sentido de intermediar a transferência do acervo do músico Algacir Costa, do célebre conjunto musical Os Fronteiriços, para aquela cidade, que é o berço do grupo. Isso atende a um desejo do artista, que era o de ter sua memória preservada na cidade que tanto amou e divulgou no país inteiro e além-fronteiras. As tratativas, conforme nota que reproduzo abaixo, já estão sendo feitas. Segue o texto.
Memoria Algacir
Passo Fundo está prestes a consagrar memória a um de seus grandes músicos. O filho de Algacir Costa, Yamandu, e sua família, que se transfere para a Europa como um dos grandes instrumentistas mundiais, mostrou interesse em legar a Passo Fundo o acervo de seu pai. Algacir, já falecido, foi voz inconfundível e líder do conjunto os Fronteiriços, que fez história musical e poética. O vereador Wilson Lili entrou em contato com a Secretária Miriê Tedesco, da Cultura, para acolher a ideia. No final dos anos 70 foram muitos os grandes momentos na voz e musicalidade de Algacir.
(Celestino Menegheni, jornal O Nacional, 17.8.2021)
Eis uma causa meritória que deve unir a todos nós, que militamos pela área da cultura, especialmente a gaúcha e missioneira.
Um livro que canta o amor pleno é sempre uma dádiva. Recebo o livro "Silêncio! O amor está florindo", da poetisa Claudete Morsh Pereira Soares, em que ela fala desse sentimento que nos habita o coração em particular e o dos amantes em geral. São poemas com densa tessitura expressiva, com imagens e sinestesias encontradas no manejo criativo das palavras, transferindo ao leitor seu mundo interior por meio de versos que se aninham nas almas receptivas.
Esta obra, desde sua concepção gráfica, inovadora e ousada, até seu conteúdo voltado ao amor, é um universo afetivo que se abre aos corações sensíveis. Recomendo a leitura porque sempre é tempo de valorizar esse liame subjetivo que nos faz mudar a alma de casa, como dizia Mario Quintana. Obrigado à Claudete e ao Darci Pereira Soares por nos possibilitarem este ensejo de desfrutar desta publicação singular e magnífica.