Desde meus primórdios no curso de Letras, sempre ouvi discutíveis restrições à obra de Jorge Amado por parte da crítica especializada. Embora não seja um leitor recorrente de sua obra, penso que ela é um pouco do Brasil que deu certo. Talvez seja efeito de uma variante do complexo de vira-lata de que nos falou o dramaturgo Nélson Rodrigues esse tipo de contestação. Bom mesmo é Paulo Coelho! Tenho certeza de que qualquer país com um nível cultural e educacional mais elevado orgulhar-se-ia de ter Jorge Amado como um dos seu melhores intérpretes. Nessa obra, "Tocaia Grande", ele retoma a tradição de um dos nossos maiores escritores de todos os tempos, Aluísio de Azevedo, ao apresentar a localidade de Tocaia Grande como a grande personagem que serve de cenário para a arraia-miúda que nela desfila seus dramas sem eco. A relações de espezinhamento dos mais desfavorecidos são esmiuçadas numa obra de fôlego, que faz o leitor refletir que a tragédia de Canudos não foi por acaso. Recomendo sem pestanejar.
Em tempo: quem ainda não leu "ABC de Castro Alves", também de Jorge Amado, em que ele presta um tributo ao revolucionário poeta Castro Alves, talvez esteja perdendo o imperdível.
Nesta terça-feira, soube da morte de um velho conhecido e amigo, o professor, escritor, empreendedor, militante político e ex-vereador André Agostini, de Passo Fundo, mais conhecido como Dedé.
Conheci o Dedé quando ele já era um promissor intelectual das lutas sociais e políticas da cidade. Fomos contemporâneos na UPF na década de 80. Eu estava recém conhecendo aquele emaranhado de doutrinas e ideologias e ele trafegava nesse universo com a desenvoltura de um veterano, embora fosse jovem, pulsante e de uma elegância sorridente. Sua oratória era magnética e, nas disputas estudantis, sempre tínhamos receio de que ele fizesse a assistência pender para o seu lado, o que, não raro, ocorria, desarticulando nossas estratégias.
Depois desse tempo, nos encontramos poucas vezes e a última foi na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, quando nos cumprimentamos efusivamente.
A comunidade de Passo Fundo perde um personagem essencial do seu percurso mais recente. A par de Argeu Santarém, de De Césaro e outros, fez com que aquela cidade, num certo momento da minha vida de estudante, fosse minha metrópole cultural. Sua verve, sua afetividade, sua visão humanista e sua cartesiana argumentação em assuntos complexos são atributos a serem rememorados de sua curta e profícua existência. Até um dia, companheiro Dedé!
A professora e doutora em Letras Maria Alice Braga escreve uma sensível missiva ao escritor itaquiense Manoelito de Ornellas por ocasião da passagem dos 118 anos do seu nascimento. (Correio do Povo, 20.2.2021)
Para ler o texto na íntegra, clique abaixo:
Aos 88 anos de idade, morreu Telmo de Lima Freitas, um ícone da música gaúcha, um talento imensurável e um compositor de música de fundamento. Na foto, presto minha silenciosa homenagem a ele com um de seus discos raros que integra meu acervo. Tua última tropeada, chiru velho, nos deu um tirão no coração, mas que ficará apascentado para sempre com tua obra impregnada de cheiro de terra e de pampa.
Itaquy
Continuam os trabalhos de obras de melhoramentos materiaes, mandados executar pela actual administração municipal. As estradas de rodagem do municipio já têm melhoramentos num raio de 10 léguas, raio que compreende os logares denominados Passo de Santa Maria e Ibicuhy; estrada que leva ao Recreio e estrada do Passo do Silvestre. A estrada de rodagem que liga Itaqui a S. Borja tem algumas fontes que não offerecem segurança pelo máo estado em que se acham. Os reparos, porém, de que precisam essas pontes serão brevemente iniciados. O projeto e orçamento dos melhoramentos naquellas pontes serão feitos pelos drs. Antonio Monteiro e Arthur Schilling, que se offereceram os excutar gratuitamente. Na cidade ha uma turma permanente, que faz a desobstrucção das sargetas, limpeza das ruas, etc.
Nota: a grafia é a vigente na época.