"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Meu Diário
28/01/2013 03h17
O EDITORIAL MAIS TRISTE DA MINHA VIDA
     Há cerca de uma década como editorialista do Correio do Povo, nunca pensei que iria escrever sobre algo tão desolador para nosso povo e para nossa gente. A tristeza e o pesar são intensos. Às famílias dos jovens, nossas condolências. Sei que seus dias nunca mais serão os mesmos, mas quero acreditar que sempre haverá um cantinho nesses clãs para relembrar aqueles momentos de convívio que ficaram na lembrança. A todos os parentes e amigos, minha esperança de que encontrem algum meio para lidar com ausências tão doloridas. Abaixo, reproduzo o editorial, que representa o pesar do jornal por esse episódio lamentável sob todos os aspectos.
 
O Rio Grande e o Brasil de luto
    Desde a madrugada deste domingo, o luto de uma tragédia sem precedentes trouxe pesar e consternação para o Rio Grande do Sul e o Brasil, repercutindo no mundo inteiro. Em Santa Maria, mais de 200 jovens morreram por conta de um incêndio numa boate da cidade, fato que também resultou em ferimentos em mais de uma centena, com muitas vítimas ainda correndo risco de morte.
    Não há, na cronologia do Estado e do Brasil, registro de uma situação que se possa ter como assemelhada ao ocorrido, pelo grande número de mortos e feridos e porque envolve jovens com todo um futuro pela frente, cujo único objetivo era ter um pouco de diversão num sábado à noite. Grande parte deles era estudantes de graduação ou de cursos técnicos e todos tinham uma grande contribuição a dar para o país e para o Estado, além, é claro, de serem fonte de alegria para seus amigos e familiares. De repente, como num castelo de cartas, tudo se esvai e todo um projeto de vida desmorona.
    Em meio a todo esse contexto de perda, resta agora criar uma rede de solidariedade para dar apoio aos familiares, que tiveram suas vidas marcadas para sempre com a dor da perda. Igualmente é preciso verificar as causas desse trágico acontecimento para garantir que algo assim nunca mais volte a ocorrer. Urge entender a dinâmica dos acontecimentos que levaram a esse desfecho a fim de realizar operações preventivas em lugares públicos que precisem atender normas de segurança.
    O Rio Grande do Sul, certamente, não mais poderá esquecer o domingo do dia 27 de janeiro de 2013. Lições devem ser tiradas desse episódio para que casos como esse, uma vez que não podem ser remediados, sejam relegados ao pretérito, embora o vazio deixado pelos entes queridos jamais possa ser preenchido. As lembranças deixadas pelos que se foram devem ser o fomento de uma nova era em que o respeito pela vida seja colocado sempre em primeiro lugar, para o bem de todos.  

 

Este é o editorial que eu preferia nunca ter escrito

(27.1.2013, Porto Alegre-RS)

Publicado por Landro Oviedo
em 28/01/2013 às 03h17
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