A partir de hoje, 25 de maio, estou novamente pondo para rodar meus melódicos bolachões, alguns de histórias maravilhosas, outros de referências sentimentais e únicas. Ao adquirir esse lindo brinquedo e me permitir retornar a um tempo recente e inesquecível, mas que estava inacessível, pude de novo ouvir o chiado inconfundível e a realizar aquele ritual singular de manusear um LP, que marcou nossa geração ou, pelo menos, aqueles que construíram seu universo emotivo com discos e livros. Até minhas fitas cassetes poderão ser ouvidas. Muitos sons dormidos estão renascendo em minha alma, como se essas vozes ecoassem de novo para me contar mais de mim mesmo. E dessa coisa maravilhosa de estar vivo entre memórias, fonemas e músicas. Esse disco de Athualpa Yupanqui, “Canto y guitarra” (1964), editado no Chile pela Odeon, do meu acervo, ressoou hoje em minha casa para que a minha pampa interior abrisse cancelas para o canto vivo e liberto. Parafraseando Cecília Meireles, vamos ouvir porque o instante existe.