Jô Soares tem o direito de entrevistar quem ele quiser. Contudo, não tem o direito de tomar o povo brasileiro por ingênuo. Todo mundo viu, se queria ver, que a entrevista com Dilma Rousseff foi forjada para atender aos interesses do governo federal, chafurdado num mar de lama da corrupção, com os ratos corroendo o navio, e em crise política por ter esgotado seu arsenal de medidas populistas e tópicas. Entretanto, para mim, bastaria não ver nem ouvir, em nome da liberdade de recepção da informação, mas não posso deixar de constar que a encomenda foi de ocasião. Basta ver que a montanha foi a Maomé, o que não é nada republicano. Se todos vão ao estúdio do programa, por que Jô Soares fez o inverso? Certamente para ilustrar que nem todos são iguais perante o jornalismo chinfrim e vendido. Sinto muito, Jô Soares, mas teu ocaso é um caso à parte, de quem entregou uma mercadoria como se fora entretenimento e informação. Nossa paciência não é de Jó, Jô.