Neste domingo, 13.3.2016, tive uma noite inesquecível. Fui convidado pelo meu parceiro de lides artísticas Pedro Munhoz para falar sobre a arte da poesia no assentamento Sepé Tiaraju, numa atividade promovida pelo núcleo cultural dos sem-terra. Havia pessoas de vários assentamentos do Estado, de todas as regiões.
Não é de hoje que me identifico com a luta desse segmento pela reforma agrária. É bom vê-los em plena produtividade, mostrando o quanto foi acertada sua luta. Não menos gratificante é verificar seu envolvimento com as questões culturais, procurando melhorar a expressividade, a leitura, sedimentar seus valores e compreender melhor o mundo circundante. Como dizia Marx, “nada que é humano me é estranho”. Falei pra eles de Fernando Pessoa, Kierkegaard, Victor Jara, João Cândido, Sepé Tiaraju e, principalmente, Castro Alves, entre outros. Comentei por que é importante estudar gramática e aumentar o léxico individual com a leitura. Discutimos sobre as variantes progressistas e conservadoras da música gaúcha, entre muitos outros temas.
No final, fui presenteado por um CD com uma coletânea de canções do MST, um DVD com a obra completa do meu amigo Pedro Munhoz e, para meu gáudio, com um quilo de arroz orgânico e sem agrotóxico produzido pelo assentados. As pessoas precisam saber que o agronegócio não tem o monopólio da produtividade e que a justiça social no campo não é uma mercadoria, mas uma realidade que os pequenos agricultores impuseram com seu valores e seu ferrenho combate ao latifúndio, que privatiza os recursos da natureza. Mais uma vez, exsurge de maneira solar a verdade de que sem luta a vida não vai mudar.