Neste 31 de agosto, simbólico por representar um mês de adversidades, partiu o grande músico e artista Mário Barros, um virtuose do violão. Ele é autor de grandes clássicos da música gaúcha, como “O rio e eu”, e detentor de vários prêmios em festivais de canções nativistas pelo Estado. Além disso, o que pouca gente sabe, era detentor de um vasto repertório de música clássica. Já gravou LPs incluindo autores consagrados como Bach, Mozart e Beethoven, entre outros.
Eu sempre soube do valor do Mário Barros e tive a oportunidade de, em várias ocasiões, manifestar isso a ele. E não apenas com palavras. Sempre que me encontrava, ele fazia alusão a uma homenagem que lhe prestei com uma medalha e uma noite festiva em torno de sua obra na Casa do Poeta Rio-Grandense (foto com Lupicínio Rodrigues Filho à minha esquerda), na época presidida pelo saudoso poeta Nélson Fachinelli.
Seguidamente, nos encontrávamos no Bar do Beto, em Porto Alegre, mediados pelo nosso amigo comum Dinarte Valentini, para falar sobre música, cultura, amores, histórias e poesia. Seu coração generoso estava sempre aberto aos amigos. Também o encontrava nos acampamentos temáticos no Parque da Harmonia, quando tocava para um público por vezes duvidoso para a qualidade da sua arte. Mas todo artista tem que ganhar a vida e fazer prevalecer seu talento.
Mário Barros se foi. Seu legado continuará onde houver alguém disposto a falar de amor e a ouvir canções de boa tessitura. Se foi, mas ficará. Seu sorriso franco, seu ar jovial de quem vive cada momento, sua verve de menestrel ficarão conosco. Os acordes de violão dobram por Mário Barros, num missal sonoro que precede seu ingresso na saudade dos corações sensíveis e famintos de arte suprema. Muchas grácias, maestro.