Nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, parte da minha melhor porção afetiva se despegou de mim. Meu pai partiu para sempre, para não nunca mais eu tomar um mate com ele, ouvir músicas, falar sobre nossa família, sobre a vida, sobre tudo que ele fez por mim, sobre sua trajetória de guri pobre que enfrentou e venceu todas as adversidades de um destino incerto. Como não acredito em outras vidas, sei que ele viveu a sua plenamente e isso me conforta. Sei que amou muito e que foi muito amado. Ele sempre soube disso. Seu olhar amoroso, da cor do mar, muito nos serviu de alento. Ele vivia a falar que a maior melodia para os seus ouvidos era quando o chamávamos de “pai”. Esse foi o papel que lhe deu sentido em sua jornada digna e de muitas lutas. Obrigado, meu pai, “mi viejo”, “mi tata”. Eu sempre soube que este dia chegaria. Mas nunca imaginei que fosse tão logo e tão doído. O meu amor e a minha saudade vêm em palavras, mas esse vazio é de dolorida expressão. O mais que poderia dizer, meu pai, vou deixar nas reticências: … . Te amarei para sempre, enquanto minha memória for capaz de te reter na minha orfandade.