Quem passa pelos barzinhos do Centro Histórico, na Rua dos Andradas, em Porto Alegre, talvez não imagine que aquela senhora idosa que toma cerveja e fuma sem parar tenha uma extensa ficha corrida de ilícitos, constituindo uma personagem de um enredo de muitas espertezas e de golpes contra terceiros. Seus cabelos grisalhos fingem credibilidade, mas, na verdade, trata-se de uma estelionatária de primeira linha. Um levantamento nada recente, do próprio Poder Judiciário, de uma década atrás, já indicava que ela tinha um histórico de mais de 120 ocorrências de negativações e de cheques sem fundos. De lá para cá, seu currículo não parou de crescer. Ela desfruta de uma duvidosa aposentadoria por invalidez, o que significa, no mínimo, que os contribuintes pagam a ela por trabalhos não integralmente prestados.
Além de viver de expedientes escusos, como tentativas de enganar vizinhos, essa senhora tem uma predileção por processar financeiras com as quais contrata, negando a operação e dizendo-se vítima, e de alugar imóveis cujos aluguéis jamais serão pagos, prejuízos acrescidos de IPTU, taxas e condomínios. Não é à toa que ela costuma figurar como ré de frequentes ações de despejos. Como esses procedimentos judiciais são muito demorados, ela acaba morando muito tempo de graça. Quando, finalmente, é desalojada de um local, ela sai para procurar outra vítima, digo, outro locador.
Não resta dúvida de que existem grandes e pequenos delitos. De vulto, os de corrupção, no país, são aqueles que causam danos no atacado, atingindo milhões de pessoas em seus direitos. Já menores, no varejo, pequenos malfeitos como os dessa vovó golpista atingem o patrimônio de suas vítimas. Todos eles enfraquecem a boa-fé e a confiança coletiva que devemos ter uns com os outros para viver em sociedade. Cuidem-se.
P.S.: Se identificarem essa personagem real, não coloquem o nome dela nos comentários para não serem processados. Ela adora o bolso alheio.