"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Meu Diário
07/12/2018 00h21
ADEUS, TARCISO, GRATIDÃO POR TUDO

     Nesta quarta-feira, 5 de dezembro, arranjei um tempo para ir me despedir de Tarciso, grande atacante do Grêmio nas décadas de 70 e de 80, o que mais vezes jogou com a camiseta tricolor. Sua história pessoal é de superação, depois de muitos reveses e dramas numa época em que o time gremista colecionava derrotas diante de um Internacional que tinha um dos melhores times de futebol de todos os tempos, tanto que enfileirou conquistas, chegando a octacampeão gaúcho. Certa vez, ele chegou a dizer que não aguentava mais perder grenais.
     Há um ditado que o senso comum consagrou que diz que não há mal que sempre dure. Em 1977, o Grêmio formou um time lendário que qualquer gremista vivo daquela época sabe de cor  — Corbo; Eurico, Ancheta (Cassiá), Oberdan e Ladinho; Vitor Hugo, Iura e Tadeu Ricci; Tarciso, André e Éder. Muitos dos jogadores já eram considerados veteranos e vieram para Porto Alegre numa missão que se tornaria histórica: interromper a hegemonia do Internacional. Pois foi essa equipe que conquistaria o campeonato gaúcho daquele ano e, em algum tempo, estaria na gênese do movimento que levaria o clube do Estádio Olímpico às suas maiores glórias, com Tarciso cumprindo um papel preponderante.
     Anos depois, já em Porto Alegre, fui professor da Roberta, filha maravilhosa do Tarciso, no então segundo grau numa escola inesquecível e cooperativada, a Santa Rosa de Lima, no bairro Santana. Passados alguns anos, já não nos víamos mais, mas como o Tarciso morava no Centro Histórico, como eu, às vezes ele me colocava em contato telefônico com ela para renovar o vínculo.
  O Tarciso tinha seus eleitores fieis porque nunca os abandonou. Mesmo com cargos no parlamento, nunca deixou de fazer o que sempre fez, nunca deixou de ser quem sempre foi e continuou a manter os amigos de sempre, as mesmas parcerias. Sua rotina não foi alterada e todos o tinham como uma pessoa sem ostentação, humilde, operosa e prestativa. O mundo esportivo perdeu um dos seus maiores atletas e a Capital ficou mais vazia, pois o Flecha Negra partiu sem poder ser vislumbrado nesse ato derradeiro. Adeus, Tarciso, que tuas vitórias e até mesmo as derrotas, de intenso aprendizado, continuem a nos inspirar para que possamos fazer jus à tua memória. 

Publicado por Landro Oviedo
em 07/12/2018 às 00h21
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