"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
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24/07/2020 06h01
ASSASSINATO DO PRIMEIRO MANDATÁRIO DE ITAQUI

Correio do Povo, 27.5.1922

Écos do assassinato do intendente de Itaquy 

Em o nosso serviço telegraphico de dias atraz publicamos um despacho procedente da fronteira, no qual, em termos laconicos, nos era transmittida a noticia de haver sido preso na Republica Argentina um dos autores do assassinato do dr. Octavio d’Avila, intendente municipal de Itaquy, crime este occorrido ha cerca de 2 annos e que, quer pelas circunstancias em que foi praticado, quer pela situação social da victima, impressionou vivamente aos habitantes daquella cidade fronteiriça. O “Correio da Manhã” do Rio de Janeiro, assim se refere á prisão do alludido crimonoso: “A forma e as circunstancias em que o crime foi levado a effeito e tambem devido á situação social da victima provocaram no espirito da população daquella cidade, profunda consternação. Um dos assassinos do intendente de Itaquy, chamado Manoel Alves de Azevedo, se encontrava em Alvear, provincia de Corrientes, e a captura foi logo pedida ás autoridades locaes. Agora, passados longos annos, Alves de Azevedo foi preso, tendo confessado que fazia parte do bando que assassinou o intendente Octavio d’Avila. O governo argentino já concedeu a extradição de Azevedo, que, perante as autoridades sul-riograndenses, esclarecerá o nefando crime, indicando-lhes todos os responsaveis.”.

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Correio do Povo, 17.4.1921

O assassinato do dr. Octavio d’Avila 

Ha mezes, como se sabe, foi assassinado, em Itaquy, o dr. Octavio d’Avila, intendente desse municipio, tendo sido pronunciado como autor do mesmo o sr. Ismar Floriano. Os drs. Plinio Casado e Getulio Vargas, advogados da familia da victima, vão recorrer ao Supremo Tribunal o desaforamento desse processo para esta capital. 
Novo café - Á rua 7 de Setembro, esquina da General Camara abrir-se-á brevemente um novo café, que tomará o nome de “Café Social”. O novo estabelecimento, está sendo installado, com apurado gosto devendo a sua inauguração effectuar-se por estes dias.

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Correio do Povo, 6.10.1920

O assassinato do dr. Octavio d’Avila 

Como se sabe, os drs. João Soares e Alberto Britto, aquelle juiz districtal e este ex-promotor publico desta comarca, haviam ido, ha tempos, a Itaquy, por determinação do presidente do Estado, afim de acompanhar o processo que esta sendo instaurado contra os autores do assassinato do dr. Octavio d’Avila, intendente daquelle municipio. Tendo, agora, regressado a esta capital, aquellas autoridades estiveram, ante-hontem, no palacio do governo, onde em longa conferencia, deram conta, ao dr. Borges de Medeiros, da missão que ali os levára.

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Correio do Povo, 15.9.1920

O assassinato do dr. Octavio d’Avila 

Hontem, pela manhã, o dr. Valentim Aragon, juiz districtal do crime, interrogou, longamente, o sr. Luiz Acylino Palmeiro e d. Ondina Boccanera, arrolados como testemunhas no processo a que estão sendo submetidos Ismail Floriano, Deocleciano Nunes da Silva, Paulino Dias da Silva, Silvano Dias da Silva, Raul Belmonte, Manoel Alves de Azevedo e Marcinho Pinto, denunciados pelo Ministerio Publico de Itaqui: os tres primeiros como autores e os outros como cumplices no assassinato do dr. Octavio d’Avila, facto esse, occorrido, o mez passado, naquelle municipio, do qual a victima era intendente. Tal interrogatorio foi feito em virtude de uma carta precatoria que o dr. João Soares, que é actualmente, em commissão o juiz districtal de Itaqui, remetteu á justiça daqui, para ser cumprida a referida precatoria.

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Correio do Povo, 7.8.1920

O assassinato do dr. Octavio d’Avila
Conforme antecipámos, o governo do Estado nomeou, em commissão, os drs. João Soares e Alberto de Britto para, respectivamente, exercerem as funcções de juiz districtal do crime e promotor publico da comarca de Itaquy. Afim de entrarem no exercicio de tal cargo, ambos seguirão, hoje, para aquella cidade, ali devendo iniciar logo as diligencias no sentido de ter andamento o processo que a justiça pública move aos implicados no assassinato do dr. Octavio d’Avila. Ouvimos dizer em rodas do fôro que, opportunamente, terá requerido o desaforamento daquelle processo de Itaquy para esta capital.

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Correio do Povo, 1º.8.1920

(Tópico 1)

O assassinato do dr. Octavio d’Avila

O dr. Mauricio Cardoso, advogado deste fôro, recebeu hontem, um telegramma do dr. Flores da Cunha, convidando-o para ser tambem advogado do seu constituinte, sr. Ismair Floriano, accusado como complicado no assassinato do dr. Octavio d’Avila, facto esse occorrido na cidade de Itaquy. O dr. Mauricio Cardoso, advogado deste fôro respondeu aceitando a causa.

(Tópico 2)

O assassinato do dr. Octavio d’Ávila

Itaquy, 31 - Acha-se aqui o dr. Flores da Cunha, que vem encarregar-se da defesa dos accusados do assassinato do dr. Octavio d’Avila. Encontra-se tambem, aqui, o dr. Getulio Vargas, deputado estadual, que por parte das familias Avila e Palmerio aceitou o mandato de accusação contra os mesmos accusados.

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Correio do Povo, 31.7.1920

A situação em Itaquy - Conforme notiámos, ha dias, o dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado, em vista da situação anormal que momentaneamente se produziu em Itaquy, e decorrente do assassinato do dr. Octavio d’ Avila, solicitára ao general Ilha Moreira, commandante da 3ª Região Militar, que determinasse ao commandante da força federal aquartelada naquella cidade que mantivesse a ordem, até que lá chegasse um destacamento da Brigada Militar. O commando da Região deu, então, as providencias solicitadas pelo presidente do Estado, e, hontem, recebeu communicação do tenente-coronel Escobar de Araujo, commandante do 1º grupo de obuzes, aquartellado em Itaquy, dizendo que terminara, sem o menor incidente, a missão de que fôra incumbido em vista de ter chegado áquella cidade um destacamento da Brigada Militar.

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Correio do Povo, 30.7.1920

(Tópico 1)

O assassinato do dr. Octavio Davila
Na Cathedral Metropolitana, foi celebrado, hontem, ás 9 horas, uma missa de 7º dia, pelo dr. Octavio d’Avila, assassinado em Itaquy, no dia 22 do corrente. Além de numerosas senhoras, assistiram á cerimonia religiosa o dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado; general Ilha Moreira, commandante da 3ª Região Militar; dr. José Montaury, intendente municipal; capitão tenente Lacê Brandão, delegado da Capitania do Porto; altos funccionarios, autoridades e muitas outras pessoas gradas. - Sobre as circunstancias em que se deu o crime de que foi victima o intendente de Itaquy, foram-nos prestados, além dos que já temos publicado, mais as seguintes informações: Ao regressar o dr. Octavio d’Avila da festa a que fôra assistir fóra da cidade, em certo logar encontrou a estrada obstruida por pedras propositalmente collocadas, com o fim de ser impedida a passagem de automoveis e facilitar a execução do assalto premeditado. Compreendeu desde logo o dr. Octavio d’Avila que era victima de uma emboscada; saltou do auto e nessa occasião surgiu do matto um grupo de cerca de vinte pessoas. Na occasião em que procurava sacar do revólver, recebe o primeiro balaço, que lhe attingiu. Com a mão esquerda, conseguiu elle puxar o revólver, alvejando os seus numerosos aggressores. Foi de nenhum effeito, porem, a sua reacção: uma cerrada descarga o prostou por terra, attingido por tres balas na cabeça.

(Tópico 2)

O assassinato do dr. Octavio d’Avila 
Itaquy, 29 - A cidade está normalizada. O dr. Bernardo Piffero, delegado de policia, agiu com calma e energia relativamente aos factos aqui ultimamente occorridos. Os criminosos fugiram para o territorio argentino, no dia immediato ao do crime.

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Correio do Povo, 29.7.1920

O assassinato do dr. Octavio d’Avila - A exma. sra. d. Maria Faustina d’Avila, progenitora do dr. Octavio d’Avila, intendente municipal de Itaquy, assassinado, ha dias, naquelle municipio, quando regressava de um passeio de automovel, convidou, por telegramma, o dr. Getulio Vargas, deputado estadoal, residente em S. Borja, para, na qualidade de seu advogado, acompanhar o processo. O dr. Getulio Vargas aceitou este convite, devendo, hoje ou amanhã, chegar a Itaquy.

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Correio do Povo, 28.7.1920

A situação de Itaquy

Santa Maria, 26 - Para Itaquy, provindo dahi, seguiu um destacamento de trinta praças da Brigada Militar, sob o commando do capitão Pedro Braga, e que foram requisitadas pelo sub-chefe de policia daquelle municipio.

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Correio do Povo, 27.7.1920

A situação em Itaquy

     Como se sabe, foi assassinado, no dia 22 do corrente, em Itaquy, o dr. Octavio d’Avila, intendente daquelle municipio, tendo seguido para a referida cidade o dr. Eurybiades Dutra Villa, sub-chefe da 2ª região policial. Agora, sabe-se que ha ali graves ameaças de perturbação da ordem, pois o dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado, recebeu communicação telegraphica, dizendo que grupos armados pretendiam depôr as autoridades municipaes. Como não ha nenhum destacamento da Brigada Militar aquartelado em Itaquy, o dr. Borges de Medeiros solicitou do general Ilha Moreira, commandante da 3ª Região Militar, que determinasse ao commandante da força federal aquartellada naquella cidade que mantivesse a ordem, até que chegasse um destacamento da Brigada Militar. Noticias vindas de Itaquy accrescentam que o “chauffeur” que guiava o automovel, no qual viajava o dr. Octavio d’Avila, tambem recebeu um ferimento.

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Correio do Povo, 25.7.1920

O assassinato do dr. Octavio d’Avila

Cruz Alta, 24 - Seguiu, hontem, para Itaquy, o dr. Eurybiades Dutra Villa, sub-chefe de policia da 2ª região, que ali vae syndicar sobre o assassinato do dr. Octavio d’Avila, intendente daquelle municipio.

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     No dia 24 de julho de 1920, o Correio do Povo noticiava a morte do intendente de Itaqui com arma de fogo e muitos envolvidos numa emboscada. Reproduzimos a seguir o texto publicado no jornal:

O assassinato do dr. Octavio d’Avila - Conforme telegramma que, hontem, publicamos, foi assassinado, ante-hontem, em Itaquy, o dr. Octavio d’Avila, intendente desse municipio. Despacho recebido pelo sr. José Bertaso, commerciante desta praça, e cunhado da victima, diz estar verificado que o assasssinato foi praticado de emboscada pelo fazendeiro Ismair Floriano Machado, auxiliado por Deocleciano Nunes da Silva e mais seis homens armados com armas de guerra. Assim que o dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado, teve conhecimento do luctuoso facto, ordenou providencias, determinando que se promovesse a prisão dos autores.

     Certamente, este caso terá desdobramentos, com mais detalhes desta morte horrenda. Para nós, que somos de gerações posteriores a fatos marcantes como este, resta a constatação de que temos um passado pela frente. E, numa invocação de um primado da religião positivista, os vivos não deixam de sentir a presença onisciente dos mortos no seu cotidiano.

 

 

Publicado por Landro Oviedo
em 24/07/2020 às 06h01
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