Nesta terça-feira, uma notícia rasgou meu cotidiano com o punhal da dor e da saudade. Meu amigo, companheiro de lutas, camarada, meu parceiro Jair Domingos Gaiardo, faleceu em Passo Fundo, após um período de internação num hospital.
Ao longo da minha vida, tenho conhecido pessoas especiais, abnegadas, solidárias e militantes por uma sociedade menos injusta e mais igualitária. O Jair é uma delas. Conhecemo-nos há décadas, quando morei em Passo Fundo. Pouco nos vemos nos últimos anos, mas a presença física não é imprescindível quando se partilham os mesmos ideais. E as redes sociais vieram para amenizar as distâncias.
Lutador incansável, o Jair Gaiardo fez parte de todos os movimentos sociais e manifestações significativas num período recente de Passo Fundo, do RS e do Brasil. Fui assessor de imprensa do Sindicato dos Bancários de Passo Fundo e pude conviver com ele, que tinha um diálogo respeitoso e intenso com a categoria. Seu jeito gentil era cativante.
Nesta hora de dor, solidarizo-me com sua família na figura da esposa Marilise Gaiardo.
Companheiro, Jair Gaiardo, presente! A luta continua! Essa é a melhor homenagem que podemos e devemos fazer em tua memória.
Muitos conhecidos meus, que antes eram abertamente pró-Bolsonaro (até vinham na minha página pronunciar alguns impropérios e estultices), agora estão mais quietos do que galo na chuva diante das frequentes crises de insanidades do presidente escolhido por eles. Parece que aquele afã reacionário arrefeceu, mas está lá, guardado no lado direito do peito. E, claro, está latente, mas de vez em quando aflora de maneira desavergonhada.
O episódio do assassinato do cidadão negro Beto Freitas, no Carrefour, é um exemplo dessa incontida vontade de exercer o cinismo e a falsificação dos acontecimentos. Baseado num histórico da vítima, que tem alguns registros policiais, tentam justificar a atrocidade, como se a desproporção no uso da força e da violência assassina pudesse ter razão retroativa em fatos menores. Nem o Carrefour, que lamentou a morte e considerou as manifestações legítimas, chegou a esse nível de análise primária e cruel, desprovida de bom senso e eivada de falácias.
Esse é o modo bolsonarista de ser desumano, mentiroso e sacripanta. Esses meus conhecidos espalham sua mediocridade com mentiras predefinidas pelas redes sociais. O perigo dos idiotas é que eles tentam transformar seu idiotismo em virtude moral e em valores que os unem na sua saga de rebanho.
Eu conheço o PCdoB desde que ele era unha e carne com o PMDB e nós nos enfrentávamos nos movimentos sociais, na esfera sindical e na luta estudantil. Com essa história de campo democrático, sempre arrumaram uma desculpa para justificar o apoio às elites que consideravam mais avançadas (eles consideravam). É por razões como essa que já estiveram do lado de tristes figuras como Fernando Collor e Renan Calheiros. Daí a fazer parte do Lula Livre como mais um puxadinho foi um passo de dança.
Como todo partido dito de esquerda, o PCdoB também tem uma base que acredita em suas lideranças. Falam em apoio à luta das mulheres, dos negros, defesa dos idosos, crianção de creches, fortalecimento do SUS. Claro que isso soa muito bem num país em que os reacionários agora só querem falar da tal liberdade econômica que só uma ínfima minoria que domina o capital pode ter. A imensa maioria tem que sobreviver com menos de meio salário mínimo por mês. Desse ponto de vista, o discurso da Manuela d’Ávila soa como necessário e bem-vindo nestes tempos de avanço de uma direita caquética que foi muito beneficiada por uma corrupção gigantesca do aparato petista.
Se Manuela cumprir seu programa, principalmente no que tange a barrar as privatizações, penso que será um avanço para a cidade. A tarefa parece ser conter o avanço da direita que vai se articular em torno de Sebastião Melo. Acredito que a candidata tenha lido alguns livros que eu li, embora nossa interpretação seja distinta. Sei que não vou me decepcionar com ela, porque não espero muito. Talvez seja didático o voto em sua candidatura. O touro tanto acerta o pano que um dia acerta o toureiro. Vamos adiante.
Vou marcar 65 nas urnas em 29 de novembro.
O atleta, o superpreparado, o paraquedista, o oficial Jair Bolsonaro foi assaltado no Rio de Janeiro mesmo armado. É esse valentão que quer enfrentar os Estados Unidos numa guerra? Claro que é, só que que ele não vai, né?
Há cem anos, o Correio do Povo já registrava o cotidiano desta importante cidade gaúcha.