Não é de hoje que o Grupo RBS faz um jornalismo de adulação. Agora, seu colunista e editor Tulio Milman reservou, no dia 11.6.2020, um espaço nobre de sua coluna no jornal Zero Hora, mais precisamente a abertura de página, para elogiar a medida de Jair Bolsonaro conhecida como auxílio emergencial de R$ 600. Ora, é público e notório que o presidente era contra esse pagamento e o aceitou, contrariado, propondo apenas R$ 200. O valor só aumentou durante a tramitação na Câmara e no Senado. Mais: Bolsonaro era tão contra qualquer tipo de ajuda que mandou a MP 927 ao Congresso propondo a suspensão do contrato do trabalho em até quatro meses sem pagamento de SALÁRIO.
Chamar esse valor de "um dos maiores programas de distribuição de renda do planeta", que foi fixado a contragosto pelo governo federal, é praticar um jornalismo chapa-branca que está mais para a publicidade do que para uma tentativa séria de opinar com base nos fatos. Desse jeito, a Zero Hora já pode editar um manual de “jornalismo” a ser usado pela Secom, com muitas hipérboles, eufemismos e tergiversações, bem ao gosto do clã bolsonarista.
Grande clássico da música gaúcha gravado pelo grupo Almôndegas, em 1975. Aprecie, relembre, compartilhe. O músico André Lucena revisita, com o seu costumeiro talento, esta canção de pura rebeldia, lindas metáforas e linha melódica diferenciada. Para ouvir, ver e se emocionar, clique abaixo:
Há pouco vi dona terça
Com discrição cotidiana
Na humildade de ser
Mais um dia da semana
Lhe sussurrei um bom-dia
Assim “no mas” num aceno
Acho que nem disse nada
Ou resmungou: “Mais ou menos”
Comentam na vizinhança
Que não tem sorte esta dona
Que não achou companhia
Foi ficando solteirona
Se queixa que até seu nome
Não tem fama nem prestígio
Ninguém combina pra terça
Fazer farras com os amigos
Segunda é dia do “pega”
Falar nos gols do seu time
De pôr despacho na esquina
Ou se começar um regime
Quarta é dia do sofá
Do romance e da bailanta
Ou de campear um pelego
Pra um achego na percanta
A quinta chega distinta
Com ares de balzaquiana
Convida as com mais de trinta
Pra arrasar o fim de semana
Sexta é aquele furdunço
Cada maula vagabundo
Contando as horas do dia
Pra se atirar pelo mundo
Sábado já foi dia santo
De meditação e fé
Agora é trago e fumaça
Macho tenteando “muié”
Domingo era pro descanso
Missa e almoço em família
Hoje é grito e futebol
E arrastão de quadrilha
Dona terça fecha a cortina
Seu dia nada se faz
Terça é o dia do nada
E nada é nada “no mas”
Ela não tem pretensão
Da alegria ou do pranto
De ser dia de protesto
De se tornar dia santo
Dona terça, minha senhora
Nós somos assim também
Na terça ninguém nos liga
Nem ligamos pra ninguém
Mas quem sabe a sorte intente
Na mandala ventureira
Que eu diga: “Mudou minha vida”
No teu dia, terça feira!
Folhinhas do calendário
Brincam de filosofia
Está escrito, terça-feira
Amanhã será outro dia!
Atibaia, a cidade paulista onde tanto os petistas quanto a família Bolsonaro se encontram na corrupção.
Essa nota de repúdio dos bolsonaristas, além de inverter a realidade segundo seus pontos de vistas lunáticos e vitimistas, é também uma nota de repúdio às regras de língua portuguesa. Vou deixar que meus leitores apontem os erros. Deve ter sido redigida com supervisão do ministro Abraham Weintraub, da Educação, aquele que adora maltratar nosso idioma.