"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Meu Diário
25/10/2021 18h43
CONTOS DE ALTINO MACHADO

     Para quem gosta de garimpar livros em sebos, a aventura é sempre garantida e a expectativa também. É algo que se pode comparar a uma pescaria. Por vezes, rende algo; doutras vezes, nada. A literatura costuma ser profícua em novidades quando menos se espera.

     Foi mais ou menos sem esperar muito que descobri o livro de contos de Altino Machado (1924-2011), "A figura refletida", num sebo na cidade de Guaíba. Comecei a folheá-lo e me vi fisgado de pronto por sua prosa leve, fluente, com tramas bem urdidas e de finais marcantes. Trata-se de contos urbanos cinematográficos, pois vamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos com visão panorâmica numa tela improvisada pela narrativa. São pequenos flagrantes da vida que primeiramente parecem interessar apenas aos personagens. Todavia, parafraseando Karl Marx, nada que é humano nos pode ser estranho. Então, nossa projeção nessa sua classe média ou na arraia-miúda das cidades em transformação é inevitável e tudo acaba nos dizendo respeito, seja para ratificar o que está sendo vivido, seja para suspirar por uma aventura que nunca vivemos.

     Confesso que nunca tinha ouvido falar de Altino Machado. Agora, falar dele me parece imperioso e uma questão de justiça literária.   

 

 

Publicado por Landro Oviedo
em 25/10/2021 às 18h43
 
21/09/2021 22h11
E OS JOVENS? ARTIGO QUESTIONA A AUSÊNCIA DELES NA VIDA DO PAÍS

     Em brilhante artigo publicado no Estadão (21.9.2021), o articulista Pedro Fernando Nery questiona por que os jovens estão ausentes das decisões efetivas dos destinos da nação. Isso me fez lembrar um trecho da obra de Somerset Maughan.

     Advertência: nunca leia Somerset Maughan como mero entretenimento e só faça isso com boa autoestima.

     "Ansiava [o jovem Philip] por aventuras e sentia-se ridículo por não ter ainda, na sua idade, experimentado aquilo que a ficção lhe ensinara ser a coisa mais importante da vida. Possuía, no entanto, o dom infeliz de ver tudo como na verdade era, e a realidade diferia terrivelmente do ideal dos seus sonhos.

     Não sabia como é vasto, árido e escarpado o país que o viajante da vida tem de atravessar para poder aceitar a realidade. É uma ilusão pensar que a mocidade seja feliz, uma ilusão daqueles que a perderam. Os jovens sabem que são miseráveis, pois alimentam falsos ideais que lhes foram incutidos e todas as vezes que entram em contato com o real sentem-se magoados e contundidos. Dir-se-ia serem vítimas de uma conspiração. Os livros que leem, livros ideais pela necessidade de seleção, e a conversa dos mais velhos, que olham para o passado através da nuvem rosada do esquecimento, preparam-nos para uma vida irreal. São obrigados a descobrir por si próprios que tudo o que leram e tudo o que lhes ensinaram é mentira, mentira, pura mentira. Cada nova descoberta é mais um prego que lhes fixa o corpo à cruz da vida. O estranho é que as próprias pessoas que sofreram esses amargos desenganos trabalham inconscientemente movidas por irresistível força íntima, para criar essa mesma atmosfera." ("Servidão Humana", cap. XIX)

 

 

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em 21/09/2021 às 22h11
 
04/09/2021 12h51
ACERVO DE ALGACIR COSTA

     Eu quero agradecer ao apoio recebido do jornalista Celestino Meneghini, de Passo Fundo, que atendeu à minha demanda e da cantora Clary Costa no sentido de intermediar a transferência do acervo do músico Algacir Costa, do célebre conjunto musical Os Fronteiriços, para aquela cidade, que é o berço do grupo. Isso atende a um desejo do artista, que era o de ter sua memória preservada na cidade que tanto amou e divulgou no país inteiro e além-fronteiras. As tratativas, conforme nota que reproduzo abaixo, já estão sendo feitas. Segue o texto.

Memoria Algacir
Passo Fundo está prestes a consagrar memória a um de seus grandes músicos. O filho de Algacir Costa, Yamandu, e sua família, que se transfere para a Europa como um dos grandes instrumentistas mundiais, mostrou interesse em legar a Passo Fundo o acervo de seu pai. Algacir, já falecido, foi voz inconfundível e líder do conjunto os Fronteiriços, que fez história musical e poética. O vereador Wilson Lili entrou em contato com a Secretária Miriê Tedesco, da Cultura, para acolher a ideia. No final dos anos 70 foram muitos os grandes momentos na voz e musicalidade de Algacir.

(Celestino Menegheni, jornal O Nacional, 17.8.2021) 

     Eis uma causa meritória que deve unir a todos nós, que militamos pela área da cultura, especialmente a gaúcha e missioneira.

 

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em 04/09/2021 às 12h51
 
21/08/2021 17h29
"SILÊNCIO! O AMOR ESTÁ FLORINDO" (CLAUDETE MORSCH PEREIRA SOARES)

     Um livro que canta o amor pleno é sempre uma dádiva. Recebo o livro "Silêncio! O amor está florindo", da poetisa Claudete Morsh Pereira Soares, em que ela fala desse sentimento que nos habita o coração em particular e o dos amantes em geral. São poemas com densa tessitura expressiva, com imagens e sinestesias encontradas no manejo criativo das palavras, transferindo ao leitor seu mundo interior por meio de versos que se aninham nas almas receptivas.
     Esta obra, desde sua concepção gráfica, inovadora e ousada, até seu conteúdo voltado ao amor, é um universo afetivo que se abre aos corações sensíveis. Recomendo a leitura porque sempre é tempo de valorizar esse liame subjetivo que nos faz mudar a alma de casa, como dizia Mario Quintana. Obrigado à Claudete e ao Darci Pereira Soares por nos possibilitarem este ensejo de desfrutar desta publicação singular e magnífica.

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em 21/08/2021 às 17h29
 
19/08/2021 19h58
ESTÁTUA DE JOÃO CÂNDIDO - PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS

     Nesta quinta-feira, 19 de agosto, fui dar uma verificada na situação da herma de João Cândido, de autoria do artista plástico Vasco Prado, instalada no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre. A colocação desse monumento, feita há duas décadas na Capital, foi rodeada de polêmicas semelhantes às que cercaram a vida desse herói negro e popular durante toda sua existência. Pois bem, a situação da estátua está caótica, com abandono e deterioração, com as letras ilegíveis. Ela tem uma história bonita, da qual tive a honra de participar, como conto a seguir. Antes disso, quero solicitar a intervenção do vereador Matheus Gomes (PSOL) para que ele realize um pedido de providências à prefeitura para restauração do busto desse grande brasileiro, referência da luta do povo negro. Segue o depoimento do ex-vereador Lauro Hagemann contando a história de como conseguimos homenagear João Cândido e reabilitá-lo num logradouro que leva o nome da força reacionária que sempre o perseguiu, a Marinha Brasileira.

     "A questão do João Cândido é interessante. Nos almoços de que participávamos com partidários, vereadores e assessores da Câmara Municipal de Porto Alegre, sempre falávamos sobre a comemoração dos vinte anos da Anistia. O que tinha acontecido, o que não tinha, quais de nós tínhamos sido anistiados, quais não tínhamos. Lembrando os episódios nos demos conta que estava faltando gente a ser anistiada. Temos quatrocentos marinheiros que ainda reivindicam a anistia.
     Então, Landro Oviedo, professor de Literatura, que não é nosso partidário, mas ia muito ao meu gabinete para promover algumas coisas, sugeriu a ideia: 'Existe uma pessoa que na história brasileira que não foi anistiada nunca, não é de hoje, um tal de João Cândido, o herói da chibata. Quem sabe não fazemos um movimento?' Montamos uma campanha para a comemoração dos vinte anos da Anistia, junto com a campanha do João Cândido, do resgate de sua memória para homenageá-lo no dia 22 de novembro, que é o Dia da Revolta da Chibata. A minha proposta, aprovada dia 3 de dezembro de 1999, foi que 'o dia 22 de novembro seja lembrado em nossa cidade como 'Dia da Cidadania e de Luta pelos Direitos Humanos' em homenagem a João Cândido, o Almirante Negro. O projeto de lei também autorizou o Executivo Municipal a construir um monumento em homenagem ao marinheiro. Esse campanha que levantamos conseguiu sensibilizar e mobilizar os movimentos negros da cidade (...)."

     Fonte: Livro "João Cândido - A Revolta da Chibata" (Editora da Cidade, 3ª ed., Porto Alegre, 2010), de Paulo Ricardo de Moraes.

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