Já faz algum tempo que não tinha contato com o meu amigo, compositor e cantor missioneiro Telmo Torres. Contudo, como nossas andanças são frequentes, cada um no seu mister na luta pela sobrevivência, até achei natural nosso distanciamento físico, sendo que nossa proximidade afetiva nunca foi afetada. De uns tempos para cá, ouvindo novamente seu CD, rodando algumas músicas dele no Chasque de Cultura, veio-me a curiosidade de saber por onde andava esse vate da cultura gaúcha. Pedi ajuda ao Sávio Moura, que é da sua região, pois o Telmo Torres é de São Nicolau e morava na Bossoroca. Sávio é de São Luiz Gonzaga. Agora, o Sávio me trouxe a notícia de que a Indesejada das Gentes nos furtou do nosso meio a presença iluminada e criativa do Telmo Torres, autor de grandes textos e grandes músicas da música nativa. E isso ocorreu em 2010. Diante de sua rebeldia, entusiasmo pela vida e verve intensa, além de sua juventude, eu não esperava por isso. A foto que ilustra esse texto nos mostra, junto com o cantor Jorge Guedes, num momento de alegria, na Estância de São Pedro, bar e restaurante gaudério de Porto Alegre, em tempos idos.
Num preito póstumo de saudade a esse grande criador e ourives das palavras sensíveis, dedico este texto intitulado “Quando morre um poeta”. Amigo Telmo Torres, tua memória e tua arte continuarão conosco enquanto nossos corações pulsarem para lembrar.
"QUANDO MORRE UM POETA"
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Se o sonho de todo publicitário é ter um slogan na boca do povo (tipo "Bonita camisa, Fernandinho!”), o mesmo ocorre com nossos compositores. Neste domingo, 12.7.2015, por volta do meio-dia, eu estava no Mercadinho Centenaro, na rua Riachuelo, em Porto Alegre, apreciando um derivado líquido de cevada, quando chegou um bêbado cantarolando para comprar um vinho: “Vamos embora ver onde chora o cantor/ Que o pó levanta na bailanta do Tio Flor” (Elton Saldanha). Aí pensei cá com meus botões: “O Benício (Elton) precisa saber disso. Isso vale tanto ou mais do que os troféus e prêmios que ele acumulou ao longo dos anos por conta do seu grande talento”. Eis aí um registro da força da obra desse meu conterrâneo.
Encontram-se abertas as inscrições para nova turma do Curso Básico de Português, com o professor Landro Oviedo, aos fins de semana, com início em agosto. Inscritos recebem apostila. Destina-se a candidatos a concursos públicos, vestibulandos e interessados em aperfeiçoar-se. Compreende gramática, textos, noções de redação e a reforma ortográfica. Contatos: (51) 4100-0040, 9201-3065 ou pelo site www.cursodeportugues.zip.net.
O luto tem o condão de melhorar as pessoas aos olhos dos que ficam, emprestando-lhes uma pureza de alma que não se comunica com o ser vivo que foi o extinto. Já não lhe atribuem interesses inconfessáveis nem idiossincrasias de quem intervinha no cotidiano com um olho no ferro e outro na ferradura. A morte é uma liberação de compromissos e alienações, um salvo-conduto para que se possa ser quem nunca realmente fomos, como uma lente que distorce o que foi visto por alguns e que é agora presumido por muitos.
Nunca gostei do papel do Nico Fagundes na cultura gaúcha. Como uma espécie de mandachuva local, sempre escolheu para si o papel de patrão de uma estância de pouca ou discutível produção. Se dependesse dele, até hoje a música gaúcha estaria na caricatura, envolvida numa ópera-bufa, recolhendo as ostras e jogando fora as pérolas. Isso seria aceitável num homem mediano, de horizontes curtos, mas é um verdadeiro delito quando praticado por um homem culto que, em vez de ser rio, preferiu ser represa. Na verdade, as pessoas cultuam os mortos por sua própria fragilidade, por enxergarem nele seu destino indelével. Mas não significa que isso seja certo, porque os vivos erram e os mortos não errarão nunca mais. Todavia, as representações delas não podem transfigurar a figura real que, no seu tempo e contexto, foi o que quis ser, seja atacando moinhos, seja fazendo coro aos poderosos, seja participando ativamento para mudar este mundo. A criação coletiva demanda uma origem na realidade, sob pena de ser mera manipulação.
Jô Soares tem o direito de entrevistar quem ele quiser. Contudo, não tem o direito de tomar o povo brasileiro por ingênuo. Todo mundo viu, se queria ver, que a entrevista com Dilma Rousseff foi forjada para atender aos interesses do governo federal, chafurdado num mar de lama da corrupção, com os ratos corroendo o navio, e em crise política por ter esgotado seu arsenal de medidas populistas e tópicas. Entretanto, para mim, bastaria não ver nem ouvir, em nome da liberdade de recepção da informação, mas não posso deixar de constar que a encomenda foi de ocasião. Basta ver que a montanha foi a Maomé, o que não é nada republicano. Se todos vão ao estúdio do programa, por que Jô Soares fez o inverso? Certamente para ilustrar que nem todos são iguais perante o jornalismo chinfrim e vendido. Sinto muito, Jô Soares, mas teu ocaso é um caso à parte, de quem entregou uma mercadoria como se fora entretenimento e informação. Nossa paciência não é de Jó, Jô.