Acho que a partir de agora, todos os zagueiros que enfrentarem o Internacional devem se prevenir e usar um par de algemas. Aliás, talvez até mesmo uma tornozeleira eletrônica para não se aproximarem muito dos atacantes colorados, sob risco de serem expulsos pelo juiz, com marcação de pênalti. O Cruzeiro sentiu na carne o que é jogar com dez contra 12.
No Brasil, os membros do Supremo Tribunal Federal (STF) são escolhidos pelos governos de plantão com a expectativa de uma canina fidelidade. A suprema corte brasileira já nasce com vício de origem, com sinais de acumpliciamento com o presidente da República e com o Congresso Nacional, que os submete a uma sabatina para comprometê-los mais ainda com os interesses das elites que comandam o parlamento. Essa ação entre amigos se repete no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal de Contas da União (TCU) e tribunais superiores. Nos estados ela impera nos tribunais de justiça e nos tribunais de contas estaduais. Se antes da República davam-se títulos de nobreza aos acólitos do poder, agora a moeda de troca são os cargos e suas benesses, pagas pelos bolsos dos republicanos de segunda classe.
Pois se a tarefa maior do STF é servir como paga a quem o contratou pelos meios traçados numa Constituição feita para os dias de festa, no caso da Operação Lava Jato, que apura a corrupção na Petrobras, a dívida já está sendo cobrada por um credor invisível, que não precisou falar nada às claras (ou falou tudo às escuras) para ser ouvido. A manobra de colocar o ministro José Antonio Dias Toffoli, ex-advogado-geral do PT e ex-assessor do governo Lula, para presidir a turma que vai julgar o caso já mostra uma articulação para fazer a pizzaria do STF funcionar a todo vapor. O ministro Toffoli é um antigo torcedor de carteirinha do PT (e simpatizante dos seus aliados). Sua isenção é algo tão cristalino como a cerração que obriga a trafegar com baixa luz. Parece que a pizzaria do STF, de caros pizzaiolos, como o ministro Gilmar Mendes, vai fazer o bolo da vez.
A palavra nenhum(a), pronome indefinido, é bastante conhecida das pessoas. Contudo, seu plural parece ser tão fictício como as calendas gregas. Nesta quarta-feira, dei minha contribuição para que essa flexão não caia no esquecimento: "(...) é preciso que o governo comprove que suas medidas apontam nesse sentido, para que não se tornem remédios amargos de parcos ou nenhuns efeitos".
Editorial do Correio do Povo, Porto Alegre, 28.1.2015.
O texto da colunista Rosane de Oliveira em ZH em 26.1.2015 mais confunde que ajuda no seu resultado concreto. No “olho” do artigo (trecho em destaque e remissivo), "Aliás", ela fala em “'direito adquirido'” e propõe que o fim das pensões seja somente de agora para doravante.
Ocorre que não pode haver direito adquirido sem base legal, em afronta direta às leis e à Constituição Federal. Como deveria ser sabido e consabido, tal privilégio fere os princípios da moralidade, da legalidade e da impessoalidade e não foi recepcionado pela Carta Magna de 1988. Está sendo pago ao arrepio do ordenamento jurídico e deveria ser cessado de imediato. Assim como um bem público não pode sofrer penhora ou ser alvo de usucapião, também o Erário não pode ser compelido a atender interesses privados sem que haja uma norma legal. No momento em que não há esse escopo normativo, já está flagrante a apropriação indébita. E por que digo que o texto mais confunde que ajuda? Porque a autora prega a futura correção de uma imoralidade, aceitando os desvios anteriores e atuais como um fato consumado até que a morte nos separe dos atuais sugadores das finanças públicas.
O trânsito brasileiro é um dos mais violentos do mundo. Mas os mortos e feridos são uma grande fonte de renda para o governo via indústria da multa. Boas causas rendem grandes lucros. Não é preciso investir em segurança viária, em estradas, em automóveis mais seguros, em melhor infraestrutura, em redução da velocidade dos veículos, que já saem de fábrica pré-programados para acelerar. Enfim, o discurso é um, mas a intenção é outra. Nada como uma bolada segura para sustentar um governo perdulário. É por isso que a área do trânsito não vê a cor desse dinheiro. Vai para um saco sem fundo. Governo federal, governos estaduais e prefeituras se locupletam. As vítimas ajudam a estampar cifrões nos olhos dessa gente programada para usufruir da desgraça alheia.