Leia nesta edição:
- "Parabéns ao PT" por reabilitar uma direita anacrônica
- O capitalismo que só alguns têm
- Caderno de Notas ("Detran-RS", “Desarmamento", “Água", “Arte e superação")
César Ricardo Osório (1959-2004) / A rebeldia não morre, fica entranhada
- Vida cotidiana / Coisas fora de circuito
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É interessante! Quanto o povo vota o que os petistas e assemelhados querem, ele serve. Quando o povo, decepcionado por eles mesmos, não aceita o script, ele não serve. O problema nunca são eles, mas os outros, que deveriam aceitar ser tutelados. Estranha síndrome de transferência. Acho que os psicólogos e os psiquiatras deveriam fazer um mutirão nas redes sociais. Outro mercado que está se abrindo, particularmente no Rio Grande do Sul, é o de mudanças compartilhadas.
Em tempo: agora Olívio Dutra poderá continuar a desfrutar de uma imerecida aposentadoria, polpuda pensão de ex-governador, benesse ilegal e imoral, paga com recursos públicos.
Quem me conhece, sabe que não costumo ficar em cima do muro, sem assumir minhas convicções. Já é sabido e consabido que votar costuma ser legitimar um sistema falido em que vamos confirmar que queremos continuar a ser explorados pelos mesmos de sempre. Contudo, dentro de uma contra-hegemonia de Gramsci, podemos dizer em alto e bom: "Não! Parem as máquinas roedoras de carne e de vontades". O meu NÃO vem rotundo e está marcado como na imagem, chancelando a Frente de Esquerda. Boa eleição a todos. A todos não. Aos conscientes que não vão se deixar enganar como sói acontecer e sabem que sem luta a vida não vai mudar.
Se olharmos o panorama das eleições e dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas no Rio Grande do Sul, vamos ver que há uma clara tentativa de amealhar torcedores em vez de eleitores. Os candidatos são verdadeiras cartas viciadas e as brigas entre eles são para “inglês ver”, só de brincadeira, porque, no fundo, eles têm o mesmo DNA, ou seja, a compulsão por explorar o povo. Vejamos estes aqui, por exemplo:
Ana Amélia Lemos – cria da ditadura militar, foi assessora fantasma de um senador biônico e faz parte do estafe da RBS, partido honorário das elites gaúchas.
Tarso Genro – Sem palavra. Em 2002, deixou a prefeitura para concorrer ao governo do Estado. Como ministro da Educação, assinou a lei do piso nacional dos professores e agora se nega a cumprir.
Olívio Dutra – Recebe uma imoral e ilegal pensão de ex-governador (hoje em torno de R$ 27 mil) por quatro anos de mandato, pelo qual já foi regiamente pago. Moralidade só no discurso.
Lasier Martins – Mais um aríete da RBS, como foram Yeda Crusius, Antônio Britto e tantos outros. Sem programa, sem história, sem coluna vertebral.
É por isso que o meu voto é da Frente de Esquerda. Mas não se esqueçam de que eleições não mudam a vida de ninguém. Elas são aquelas como aquelas máquinas de cassino, programadas para depenar os clientes em prol da banca.
É bem provável que a maioria das pessoas não compreendam, pois a consciência tem limites que retêm o próprio entendimento, mas nós, que temos irmãos de lutas espalhados por todo o mundo, nos reconhecemos nesses sonhos generosos de mudar as estruturas sociais carcomidas como se fôramos plenos de afeto um pelo outro, ainda que sejamos desconhecidos de rosto, de abraço e de convívio. Alguns são referências de nome e de exemplo, quando não de legado.
Eu, agora, estou pleno de tristeza, pesaroso pela notícia que acabo de ler. Morreu em São Paulo, nesta terça-feira, 16 de setembro, Dirceu Travesso (1959-2014), o Didi, militante trotskista por 35 anos. Ele foi um dos nomes que sempre ouvi como um dos nossos imprescindíveis, desde que comecei minha militância política e cultural nos anos 80, atuando numa organização chamada Alicerce, com a qual tive contato em Passo Fundo-RS. De lá para cá, em cada luta, em cada mobilização social, em cada embate da classe trabalhadora, lá estava ele, incansável, ofertando suas colaboração e experiência na batalha por ganhar terreno ao capitalismo e às elites dominantes. Jamais se curvou, jamais se vendeu, jamais trocou suas convicções por um cargo, jamais esmaeceu na vontade hercúlea de organizar o exército dos oprimidos para suas tarefas históricas.
Eu nunca tive o privilégio de trocar sequer algumas palavras com Dirceu Travesso. Seria bom, seria de todo inesquecível, mas nem um pouco necessário para que o reconheça como alguém de quem posso me orgulhar, de um amigo distante e presente, de um parceiro de empreitadas que não se fazem sozinho, de um aliado de todas as horas, para o qual as palavras calam na hora de definir. Sua memória há de ser alento para os combates que certamente virão. Quando morre um lutador, secamos as lágrimas e vamos ao campo de batalha, que é assim que podemos lhe prestar a melhor e a mais densa homenagem. Companheiro, Dirceu Travesso, até a vitória final. Obrigado por iluminar esta jornada comum contra as trevas deste sistema injusto e insano.