"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Textos
O LIVRO, ESSE AMIGO DA ALMA
Diz uma quadrinha popular do cancioneiro rio-grandense: "A gaita matou a viola/ O fósforo matou o isqueiro/ A bombacha, o chiripá/ E a moda, o uso campeiro". São da essência de todos os tempos as mudanças velozes, com novos paradigmas e costumes, a embalar outros horizontes para os povos. O mundo gira e o cotidiano gira com ele. "Tudo muda, o tempo todo, no mundo", diz a canção popular de Lulu Santos. Fica, de tudo, apenas a saudade, que é "dor que belisca, não se sabe dizer onde", como no canto do saudoso Cenair Maicá.

Num passado recente, tivemos algumas inovações que geraram perplexidade e preconizações as mais variadas. O advento da televisão iria acabar com o rádio, o do vídeo solaparia o cinema, o videolaser (alguém lembra o videolaser?) varreria o CD, a Internet desbancaria os jornais (as tiragens dos periódicos mostram vigor). Assim, vamos acumulando "necrológios", que acabam sendo profecias sempre desmentidas pelos fatos.

De todos os veículos mediadores da cultura, talvez o livro tenha sido o que mais vezes teve sua morte anunciada. Arnaldo Campos, na obra "Breve História do Livro" (Mercado Aberto), de 1994, lembra que Marshal McLuhan chegou mesmo a fixar o ano de 1980 como o ano derradeiro do livro. Por ironia do destino, McLuhan faleceu nesse ano e o livro continua aí, lépido e faceiro, a afluir ao imaginário coletivo, geração após geração.

Para o escritor Manoelito de Ornellas, cujo centenário de nascimento em 2003 se avizinha, em sua biblioteca, junto aos livros, ele encontrava as forças para resistir às iniqüidades do mundo. Para o poeta Castro Alves, "o livro caindo n'alma é germe - que faz a palma, é chuva - que faz o mar". O livro é o alimento do espírito, o solilóquio da alma, o refinamento do homem.

Em breve, Porto Alegre estará, mais uma vez, sob a égide do livro. À sombra dos jacarandás, na Praça da Alfândega, em mais uma Feira do Livro, lá estarão eles, discretos, pacientes, à espera de serem decifrados. Os homens escrevem cotidianamente uma história em que somos todos autores e leitores no grande livro da existência. Parte dessa vida que pulsa em todos nós estará para sempre nas obras que lemos. No mundo dos livros, há mundos inexplorados para olhares ávidos de vida.


Correio do Povo
Porto Alegre - RS - Brasil
PORTO ALEGRE, SÁBADO, 21 DE SETEMBRO DE 2002.


Veja também:
www.cursodeportugues.zip.net
(Curso de Português)

www.megalupa.zip.net
(Jornal Megalupa)
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 06/03/2012
Alterado em 10/03/2012
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