"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
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Textos
UM HOMEM DE JORNAL
O mês de maio assinala, dia 28, o aniversário de um homem que, em vida, confundiu sua existência com a própria história do Correio do Povo, no qual ingressou, rapazola, em 1905, pelas mãos de Caldas Júnior.

Alcides Gonzaga (1889-1970) militou cerca de seis décadas no jornalismo, tendo exercido diversas funções no CP, sendo que a de gerente do jornal foi a que marcou sua ascensão dentro do veículo que ele tanto amou. Foi, também, espectador privilegiado dos fatos e das pessoas que marcaram a história do Estado, tornando-se, no final da sua vida, um ícone do jornalismo gaúcho.

Em 1944, edição da Livraria da Globo, ele escreveria 'Homens e Coisas de Jornal", seu livro de memórias. Nele, ficamos sabendo das motivações de Caldas Júnior para lançar seu jornal, dos desafios que enfrentou e venceu. Seu depoimento é importante para fixar o retrato sensível de figuras que marcaram a paisagem cultural do Estado, como o professor Inácio Montanha, por exemplo. Vemos, ainda, ascender do anonimato homens e mulheres ilustres da nossa história, como Sebastião Leão, Mário Totta, Paulino Azurenha, Dolores Caldas, Souza Lobo e tantos outros, cada um dedicado ao mister que o consagrou, notadamente o jornalismo, sem olvidar mesclas com o direito, a medicina, a literatura, etc.

O livro é narrado com um estilo fluente e magnético, prendendo o leitor do início ao fim. Fatos pitorescos do jornalismo, acontecimentos sociais e históricos, coberturas inesquecíveis, ascensão e quedas de jornais, a evolução do CP, perfil de grandes jornalistas, há toda uma época ímpar do jornalismo a ser recuperada pela leitura da obra. Tudo isso é trazido à tona através de uma linguagem que tem como base a sinceridade de um homem que sabe estar depondo para a história.

Nos anos 60, ele atingiria a aposentadoria. Continuou, contudo, ativo, tendo sido vereador e, mais tarde, diretor do CP. Teve singular atuação beneficente. Sua obra, do ano da morte de Alcides Maya, a quem ele tanto admirava, deveria ser leitura obrigatória nas faculdades de jornalismo, assim como "Recordações do escrivão Isaías Caminha", de Lima Barreto. Sempre é tempo de os estudantes, para além das técnicas e da tecnologia, privarem também com a ética e com a paixão.


Correio do Povo
Porto Alegre - RS - Brasil
PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 23 DE MAIO DE 2001.



Veja também:
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(Curso de Português)

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(Jornal Megalupa)
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 06/03/2012
Alterado em 10/03/2012
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