CANTO À PRENDA PROMETIDA
Sou cruzador de caminhos
porque esta é a minha sina
a força matriz me anima
por isso sou rumbeador
"gaucho", quixote, pajador
por estes pagos abertos
campeando rumos incertos
juntando nacos de amor
Eu sei: tudo tem seu termo
porque assim é o destino
e eu, que já fui menino,
vou cruzando o "Bojador"
mas não basta ser viajor
pagando o que a vida cobra
pois há de ficar na obra
a marca do criador
Por ti, mulher parceira,
hei de frear a inquietude
pra mergulhar no açude
das águas do teu olhar
serei vento, aurora, mar
elemento em conjunção
transplantado ao coração
da mulher que eu hei de amar
Desfraldarei minha bandeira
até farei um cercado
serei posteiro, agregado
no teu corpo de mulher
sem duendes nem lucifer
apenas amor sereno
que é o sentimento mais pleno
que a alma pode querer
Sou semente, pólen de luz
desde os primórdios da raça
e quando secar a taça
dos vinhos do meu inverno
vou renascer forte, terno,
cruzando mundos a esmo
suplantarei a mim mesmo
na busca do amor eterno
E nesse teu território
mulher-mãe dos sonhos meus
vou ser o mesmo que um deus
mantendo a eterna escrita
tudo no mundo palpita
num ciclo de validade
eu vou te amar de verdade
e te fazer mais bonita.
"Coletânea da Poesia Gaúcha", Porto Alegre, 2005. Edição da Assembleia Legislativa do Estado do RS. Org.: Dilan Camargo.
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 08/03/2012
Alterado em 12/12/2019