LEGADO E LUTA
A vida é um lusco-fusco
Faísca na eternidade
Há que vivê-la com gana
Honra, amor e amizade
E um dia partir sereno
Que tudo acaba em saudade.
Estou em reflexão porque, certa vez, no auge da minha juventude, li, em algum lugar, que quem chegasse a fase posterior da vida pensando igual ao que pensava quando jovem é porque não andou pensando. Bem, eu não penso apenas igual em matéria de visão de mundo, de ideologia, de transformação social. Eu penso rigorosamente igual. Aliás, eu penso tão igual que chego a fazer minhas as minhas palavras da época. Não sei se isso é bom ou ruim. Só sei que fiz minhas escolhas e por elas vivi e vivo. Sem tê-las, eu me olharia no espelho e não me reconheceria. E sei muito bem que aquele jovem que eu fui me olharia no espelho e me diria: “O que fizeste com os sonhos que te entreguei?”. Eu não poderia dizer que não tinha lutado por eles. Um quinhão de liberdade é a maior riqueza que pode vicejar no coração de um homem. Trai a si mesmo e aos seus companheiros de infortúnio quem não combate por ele. Talvez, para muitos, essa seja uma ideia antiga, quiçá velha, mas ela me rejuvenesce todos os dias.