PAJADA DO VIRSO – O CAPATAZ DESTRAMBELHADO
É dura a vida no campo
Nos relata o Sávio Moura (www.saviomoura.com.br)
Lá o índio não se agoura
Enfrenta até tempestade
Há um clã de fraternidade
E de valores reais
Flagrantes para os anais
Unindo pampa e cidade
O capataz é o Virso
Um índio meio sotreta
Trabalha se dá veneta
E até se faz de tambeiro
É um aprendiz de campeiro
Por vezes peão caricato
A ele deste ornato
Mestre Vinícius Ribeiro
Falam bem e mal do Virso
Quera às vezes indolente
Mas no fundo é boa gente
Gostando da boa vida
Não é muito dado à lida
E conta com a bicharada
Para dar uma tapeada
Nas tarefas recebidas
A vida que o Virso leva
É uma vida mais ou menos
Cochila até nos fenos
E pros bichos é uma comédia
Tem que andar na curta rédea
Pra desempenhar o ofício
Que pra aprender foi difícil
Usou até a Wikipédia
A Juracema o Virso
Enrola com perfeição
Ora diz sim, ora não
Vai levando com ardil
Mudar de estado civil
É um cabresto na certa
E quando a coisa aperta
Ele faz que não ouviu
Esse é o Virso, agregado
Que é cria lá da Fronteira
Tem uma alma violeira
Num canto que se expande
Seu coração é um estande
Onde não cabem contendas
Só o mundo da fazenda
E o universo do Rio Grande.