ATRACADOURO DE ESPERANÇAS
Cais, quantos ais!
quantas partidas, quantas idas
quantas vezes nos fomos
e tu ficaste
a velar nossos sonhos
Cais, quantos sais!
quantos embarques, desembarques
tantos atraques e desencantos pela vida
quantas vezes nos fomos
de nós mesmos
e te vimos impassível na distância?
Cais, quantos mais!
quantos de ti seriam necessários
para aportar nossas esperanças
nessa estiva de vida?
Cais, nos sabemos frágeis.
Só tu não cais...
Da série sobre desenhos de Álvaro Siza no livro "Esquissos do Douro" - Junto ao cais de embarque de Pinhão (p. 19)