MILONGA DO CÁ-TE-ESPERO
Nos campos de Bela União
No mais campeiro dos haras
Cá-te-espero a Manoelito
Regalo de Dom Vergara
Um dia assomou o mestre
Ponteando o pingo garboso
Douradilho malacara
Campeador do boi-barroso
Pelos fundões do Itaqui
De invernias e agruras
Corria o Cá-te-espero
Para estornar as lonjuras
Os arreios do Cá-te-espero
Aperos de melhor cobre
Ajustados eram chasque
De trotear por causa nobre
Às vezes vinham recuerdos
De escurumbanças de outrora
Sangue dilatando as veias
Do centauro campo afora
Um dia, foi Manoelito
Pealar o seu destino
Jamais teve igual cavalo
E nunca mais foi menino
E, ao partir, um pedido
De imediata ressonância
Nunca mais fosse montado
O pingo da sua infância
E da invernada do fundo
O Cá-te-espero, solito
Ficou bombeando a porteira
À espera do Manoelito
"Oh, Cá-te-espero
Eu te diviso
'Muriendo viejo'
De lombo liso"
(Poema inspirado em um capítulo de "Terra Xucra", livro de memórias de Manoelito de Ornellas)
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 14/09/2015
Alterado em 13/05/2019