O caso da agressão de Elaine Perez Caparróz, de 55 anos, que conheceu Vinícius Batista Serra, de 27 anos, pela Internet, e o recebeu para um primeiro encontro em sua casa, no Rio de Janeiro, está repercutindo na imprensa e nas redes sociais. Ela foi brutalmente agredida e está com o corpo e o rosto desfigurados. Orgãos vitais podem ter sido atingidos a ponto de deixar sequelas.
Em praticamente todas as matérias, o delinquente aparece como advogado, mas quero deixar claro que uma simples busca no portal https://cna.oab.org.br mostra que ele não é um advogado, que é quem fez direito e está regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Como vocês podem ver pela foto, trata-se de um estagiário. Essa reparação é importante porque fica claro que não se trata de um colega deste articulista, que tem orgulho de ser advogado. Todavia, mesmo que o fosse, aí estão as leis para punir os excessos e os delitos. Espero que esse rapaz nunca seja admitido nos quadros da OAB, porque não tem condições morais e profissionais para exercer uma profissão na qual juramos defender os direitos da população e não aviltá-los. O crime que ele cometeu é o de tentativa de feminicídio, com uso de meio cruel, motivo torpe e impedindo a reação da vítima. Deve responder por isso.
Nesse episódio, senti-me reconfortado parcialmente por ver que a maior parte das pessoas se mostra solidária com Elaine. Todavia, causou espécie ver que uma grande parcela atribui a ela a culpa pelo evento trágico, do qual é única e exclusivamente vítima. Muitos afirmam que ela não poderia tê-lo recebido em sua casa, ainda que, como se já se sabe, ela conversou oito meses com o agressor, um tempo razoável. Mas isso não é determinante. Poderia ser um dia. Ninguém pode ser agredido por ninguém em qualquer situação. Será que é tão difícil assimilar um conceito comezinho como esse? Também é preciso perceber que o ambiente virtual em nada se diferencia do ambiente real para fins de relacionamento. Afinal, o machismo está em toda a parte. Os preconceituosos também.
Enfim, se Elaine não tem culpa, e claro que não tem, quem a tem nessa ocorrência trágica? Desta vez, a culpa será realmente de quem, geralmente, é injustiçado nos cartórios civis e criminais de todo o país. Não pode haver mais nenhuma dúvida: a culpa é do estagiário. Melhoras, Elaine! E punição para um homem que surta exatamente contra quem não pode se defender.