PATRIMÔNIO PÚBLICO: AME, DESFRUTE OU VENDA-O
Em tempos vindos, o patrimônio público tornou-se um vilão e um herói na conjuntura mais recente da vida nacional. Para os petistas, tratava-se de uma fonte de recursos para financiar seus interesses escusos de se manter no poder a qualquer preço. A Petrobras que o diga. O seu projeto de supremacia incluía um matiz de preservação do setor público, ainda que fosse para sugá-lo, para transferir renda dele para os bolsos com CPFs próprios. O discurso de defesa dos bens públicos e de sua utilidade escondia uma malversação que financiava enriquecimentos ilícitos individuais e de organizações criminosas partidarizadas.
Agora, na gestão de Jair Bolsonaro, o patrimônio público é um entrave ao desenvolvimento nacional. Para ele, a iniciativa privada tem todas as virtudes e o setor público todos os pecados, num maniqueísmo capaz de fazer corar Santo Agostinho. Só vale o que pode ser transformado em divisas. É como se todo órgão oficial já nascesse necessitando de uma expiação apenas por fazer parte de uma estrutura estatal. E essa redenção completa só viria com a venda para o segmento mais ágil, mais dinâmico, mais bem-apessoado, mais inteligente, mais produtivo, o empresariado.
Todavia, entre esses dois polos há que se impor o bom senso e um apreço por aquilo que é do povo, apesar de gerenciado por terceiros em nome próprio. Retirando os parasitas que vêm do setor privado para depreciar as empresas estatais, que fazem fundos de pensão soçobrar e causam metástases encomendadas nas posses dos plebeus, certamente elas poderão em muito contribuir para aumentar a produtividade e para equilibrar a disputa num mercado em que os banqueiros e capitalistas dão as cartas de mão. E sempre fraudam sua própria jogatina.