"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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     O BRASIL FORA DOS TRILHOS
   O Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos lançou um belo estudo sobre a importância das ferrovias para desenvolver o país e o quanto a malha ferroviária tem sido tratada com descaso e como fonte de recursos escusos para os governos e seus parceiros privados, prejudicando a mobilidade da população e aumentando os custos para os consumidores de bens e de serviços. Nesse levantamento, vê-se que a diretriz implantada a partir do governo de Juscelino Kubitsckek foi toda voltada para priorizar as multinacionais fabricantes de carros e suas indústrias supridoras. Para isso, foi preciso sucatear o parque ferroviário e fazer com que ele fosse tão negligenciado a ponto de não mais poder ser retomado. Em alguns lugares do país, chegou-se ao ponto de arrancar as estradas de ferro para garantir que futuros governos não recuassem na política adotada, a de priorizar a indústria automobilística.
      O resultado dessa investida criminosa contra o bem público que era a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) foi que tudo ficou mais caro. O transporte de cargas deu lugar aos caminhões, que transportam menos volume, aumentando os custos. Já no transporte de passageiros, adotaram-se os ônibus, que transportam bem menos pessoas e, consequentemente, aumentam em demasia o custo das passagens. Para se ter uma ideia do colonialismo a que fomos submetidos, o Brasil, com dimensões semelhantes às dos Estados Unidos, tem cerca de 10% da rede ferroviária daquele país. É aquela história, sempre manjada, mas sempre verdadeira: “Só faz o que eu digo, esquece o que eu faço porque é bom só pra mim”.
      O golpe final na esperança da retomada das ferrovias para uso em favor da população foi dado pelo governo de Fernando Henrique. Ele vendeu as concessões a preço de banana. Para se ter uma ideia, tudo o que aportou aos cofres públicos para comprar todos os direitos de transporte ferroviário, as empresas privadas lucram por ano. É ou não uma barbada? Pior é que essas empresas só querem o filé, explorando as partes mais rentáveis e deixando os brasileiros com um péssimo transporte. Ah, mais um detalhe: a compra das concessões foi financiada pelos cofres públicos. Ou seja, vendemos e pagamos com nosso próprio dinheiro. Uma negociata sem precedentes. O governo petista, em vez de procurar desfazer o que foi pelo governo tucano, acena com mais privatizações no setor e com mais verbas públicas para as concessionárias. Assim, o Brasil nunca vai entrar nos caminhos da moralidade com esses governos funcionando como maquinistas de um grande trem da alegria, que atropela o patrimônio público.


Fonte: Jornal Megalupa, outubro de 2012.
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 19/07/2019
Alterado em 19/07/2019
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