ESSE TAL DE COMUNISMO
Alguns amigos meus, por me conhecerem como socialista, costumam vir com uma conversa sobre onde que esse sistema deu certo. O dar certo deles é a população viver razoavelmente. Vou começar com um argumento mais complexo para depois enveredar para um exemplo concreto e plausível.
Vejam vocês que é má vontade exigir de uma proposta futura o que eles não conseguem exigir do próprio sistema que defendem. O capitalismo é um regime de fome e de má distribuição de renda, haja vista que, no Brasil, seis pessoas, eu disse seis, têm a renda de cem milhões. Se isso não é indecoroso, então não sei mais o que é falta de pudor e pornografia explícita. Alguns vão alegar: mas e a Europa e os Estados Unidos? Bem, daí eu recomento um bom livro de história para explicar as exceções e o acúmulo de capital, inclusive com guerras, colonização, rentismo e outros quejandos. Além disso, eles exigem um sistema ideal feito por pessoas imperfeitas, o que, convenhamos, é um processo e não uma imersão platônica.
Historicamente, a riqueza é produzida levando-se em conta três fatores: o homem (sua força de trabalho), a técnica (a ferramenta) e a natureza (que fornece a matéria-prima), que são as forças produtivas. O resultado dessa produtividade tem uma forma de apropriação que pode ser coletiva ou individualizada. Adivinhem como é feito isso na sociedade capitalista? Parabéns, vocês acertaram.
Pois bem, o modo de produção e de apropriação constitui o socialismo e, num aprofundamento, o comunismo, quando todos podem se beneficiar da alta tecnologia para prover todas as suas necessidades imediatas, mediatas e vindouras. Reparem aqui que não se trata de pegar as galinhas, o sofá, a escova de dentes de ninguém. Nem o cônjuge de alguém, que isso é atemporal. Disseminar falsas informações somente serve para quem quer os pobres e a classe média defendendo seus interesses de elite.
Para fechar com o exemplo que prometi dar, há sim uma estrutura no capitalismo que promove uma igualdade de interesses com o comprometimento de todos. Trata-se das cooperativas, que têm um histórico de funcionamento excelente, provendo a sobrevivência de milhões de seus integrantes. Ao que me consta, o cooperativismo está longe de ajudar a tomar as coisas de quem não tem nada. Cooperativismo e comunismo são primos, nem tão distantes, que mostram que é possível ter um negócio que priorize o bem-comum de todos e não apenas de alguns parasitas.
Jornal Nova Folha, Guaíba-RS, 16.9.2022.
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