LUIZ CAETANO, O NOVO GURI DO CANTO CAMPEIRO
Eu gosto muito da música “O canto do guri campeiro”, de parceria póstuma entre Noel Guarany e Aureliano de Figueiredo Pinto. Canção singela e rica de imagens e de sonoridades, mostra que o canto campeiro nunca morrerá enquanto houver um guri para levá-lo adiante. É aí que eu cito o Luiz Caetano.
Filho dos talentosos Beto Caetano e Bárbara Pedroso, o Luiz é mais um menino com alma de gaúcho que vem para levar adiante um legado que vem de seus pais e de sua terra pampeana. Mas não é só mais um. É aquele que faz a diferença para o meio em que vive, para seus colegas, para sua família e, como não poderia ser, para os seus fãs, entre os quais me incluo. Ele toca gaita e canta com maestria, sendo muito empático e performático no palco, que principia a ser seu chão, ou no estúdio, que começa a ser apenas mais um lugar de convívio para registrar sua infância talentosa e feliz. E seu repertório é de gente grande, trazendo uma coletânea de respeito, abarcando desde músicos atuais até os renomados Irmãos Bertussi.
A gente olha para as imagens do Beto Caetano e para os vídeos com o Luiz Caetano e seu orgulho transparece, extravasa, perpassa seu cotidiano. Eu, que sempre fui apreciador do seu grupo Som Campeiro, com ele e mais o Sidinei Vargas e o Adilson Carvalho, agora passei a acompanhar o trabalho desse guri incrível. A sensação deve ser a mesma como quando meu amigo Pedro Ortaça lançou seus meninos Alberto e Gabriel Ortaça para o mundo da música e do canto missioneiro.
O poeta João Cabral de Melo Neto, no poema “Tecendo a manhã”, escreve: “Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos”. Beto Caetano estava precisando de um outro galo (ou seria galinho?) com o qual emendará seu canto. E todos ganharemos com isso, porque quando nasce um artista, é como se a aurora da vida se irradiasse para todos.
Jornal Nova Folha, Guaíba-RS, 9.12.2022.
Para ler o PDF do jornal impresso, clique abaixo: