"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Textos

ESSA SAGA DE LIVREIRO

     É verdade que não se fazem mais livreiros como antigamente, até porque não se fazem mais livrarias como antigamente. Os livros, se se mantêm hígidos, ao contrário dos extintos dinossauros, dos DVDs e dos CDs, o fato é que hoje disputam a atenção com outras mídias e com outras ferramentas, como o YouTube, Instagram, Netflix, podcasts e assemelhados. Mas, procurando bem, é possível ainda encontrar livreiros por aí. E isso, claro, significa encontrar histórias de livros, leituras, leitores e do próprio livreiro. Essa junção, de forma previsível, pode, então, resultar em… livro.

     É mais ou menos o que se constata na obra “Croniquetas do Atendente”, do meu amigo livreiro Mauro Messina, da Ladeira Livros, no centro histórico de Porto Alegre. Cheia de episódios cativantes sobre a fauna que frequenta estabelecimentos cuja finalidade é comercializar livros, a publicação encanta e “entrega” personagens que fazem parte desse cotidiano. Alguns sob pseudônimos, pois a honra objetiva de alguns envolvidos pode ser abatida, desde que não se saiba de quem. De minha parte, que fui citado como “amante da política e dos livros”, nada a reclamar.

     A Ladeira Livros, na boa tradição das melhores livrarias, como a Porto do Livro, do saudoso Arnaldo Campos, é um lugar de majoritário convívio saudável e de eventuais maledicências (de terceiros, evidentemente), como não poderia deixar de ser. Tudo administrado pelo Mauro, um antigo companheiro das lutas populares, que continua um incorrigível como eu, sempre acreditando que o mundo pode ser melhor, apesar da humanidade bem mediana que temos.

     O livro é da Editora Polifonia, com belas ilustrações de Pablito Aguiar. Não sei se estará nas “melhores casas do ramo”, mas, por certo, estará disponível na Ladeira Livros. E com autógrafo do autor, com direito a algumas “pérolas” em que ficção e realidade se confundem. O Mauro as mistura e, com isso, quem ganha é o leitor, que se deliciará com algo que aconteceu ou que deveria ter acontecido com o livreiro e seu estafe.

 

Jornal Nova Folha, Guaíba-RS, 10.3.2023.

 

Para ler no PDF do impresso, clique abaixo:

https://rl.art.br/arquivos/7736502.pdf

Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 09/03/2023
Alterado em 09/03/2023
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