Rico de direita é um pleonasmo. Pobre de direita é um eufemismo para marionete.
Muitos bons momentos vividos ficam apenas na memória de quem deles participou. Outros podem ser resgatados, ainda que não de forma plena, mas aproximada. Este show, intitulado “Sempre, sempre MPB”,de Ita Arnold, foi apresentado na noite de 14.4.1993, na sala Álvaro Moreyra, na Secretaria Municipal da Cultura, em Porto Alegre, da qual tenho a honra de ter participado como um dos seus fundadores, pois organizei as primeiras atividades literárias da SMC na gestão do saudoso professor Joaquim José Felizardo e em parceria com o meu inesquecível amigo, livreiro e escritor Arnaldo Campos.
Quero ressaltar que esta gravação digitalizada adveio de uma simples fita cassete. Consultei o músico antes de postá-la, pois sei que há uma perda de qualidade nessa transposição. Contudo, vale o registro histórico.
Vamos à ficha técnica:
Ita Arnold – voz e violão
Fernando do Ó – percussão
Produção – Landro Oviedo
Repertório:
1) Corcovado (Tom Jobim)
2) O rancho da goiabada (João Bosco)
3) Sampa (Caetano Veloso)
4) Flor-de-lis (Djavan)
5) Quando o amor acontece (João Bosco) – bis no final
6) Desejo (Ita Arnold e Paulinho Sagiorato)
7) Beiral (Djavan)
8) O mundo é um moinho (Cartola)
9) Nação (João Bosco)
10) Papel machê (João Bosco)
11) Ronco da cuíca (João Bosco)
12) Sina (Djavan)
13) Luz negra (Nélson Cavaquinho)
Aproveito o ensejo para agradecer a todos os que na época prestigiaram este evento. Em particular, além dos amigos, expresso meu reconhecimento aos companheiros da antiga Convergência Socialista, que ajudaram a lotar a sala nas duas noites do espetáculo. Continuemos na luta pela cultura.
Para ouvir o show, é só clicar abaixo:
Correio do Povo, 15.12.1920
Ameaça de suspensão de trafego ferro-viario
S. Borja, 14 - A direcção de estrada de ferro de Itaquy a S. Borja, avisou que pretende suspender o trafego em consequencia dos deficits que tem tido e da falta de materiaes, caso não se tomem providencias. Essa noticia causou aqui grande alarme, principalmente no commercio. A praça do Commercio pediu para o caso de intervenção do presidente do Estado e do ministro da Fazenda, no sentido de que esta cidade não fique isolada. Não ha navegação regular pelo rio Uruguay, ficando S. Borja, si for executada aquella resolução, privada do unico meio de transporte com que conta actualmente. Desde o governo do dr. Wenceslau Braz está suspensa a construcção da estrada de S. Pedro a S. Borja, soffrendo o material já empregado.
(Com a ortografia da época)
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Assim como a escravidão é uma nódoa na história social do país, o abandono e sucateamento das ferrovias são uma tragédia na nossa história econômica, sem falar nas cifras de mortos e feridos no trânsito por conta da ocupação desordenada de caminhões nas estradas. Houve um alto custo de vidas e elevação dos custos produtivos.
Itaqui não escapou disso. Vamos relembrar parte dessa história na coluna Há cem anos no Correio do Povo.
Já se disse que o discurso do patriotismo costuma ser um bom refúgio para os canalhas. Acrescento que é também uma viseira para os ingênuos, que não percebem que estão sendo enganados. Muita gente foi para as ruas clamar pela intervenção militar ou para apoiar Jair Bolsonaro. Mas fora alguns militares realmente patriotas, que chegaram a ser perseguidos, essa trupe do Bolsonaro e os golpistas de 1964 são todos manipulados pelo estafe norte-americano. Não é à toa que Bolsonaro é capacho do Donald Trump. Apesar dos fatos, os negacionistas continuam com suas versões compradas no mercadinho das ideologias.
Talvez este trecho ajude:
"Como árbitros definitivos nos conflitos políticos de muitos países, os líderes militares são o alvo mais visado para recrutamento. Os agentes da base se aproximam deles pelos meios mais variados e, algumas vezes, simplesmente pela apresentação direta por adidos militares dos Estados Unidos. Em alguns casos, os relacionamentos desenvolvidos entre a Agência e os serviços locais de investigações podem ser utilizados para o estabelecimento desses contatos. E, mais uma vez, os agentes da CIA podem se aproximar dos oficiais de outros países que vêm para os Estados Unidos em treinamento. Tal como no caso dos políticos, as bases da 'companhia', em sua maioria, mantém um programa contínuo para o desenvolvimetno dos líderes militares locais, tanto para a compilação de dados informativos como para a sua possível utilização em ações políticas." ("Dentro da Companhia - Diário da CIA", de Fhilip Agee, 1976, Círculo do Livro, p.p. 79-80)
É bem possível que muita gente negue essa subserviência dos militares, que venderam os interesses do país. Mas isso não surpreende. Muitos negam que a terra é redonda, que existe pandemia. Afirmam que o astrólogo Olavo de Carvalho é filósofo, que não existe desmatamento na Amazônia. Não há motivos para acreditar que não negariam este trecho de um livro escrito por um ex-agente da CIA.
Parabéns à nossa terra pela passagem de mais um ano. Leia um texto de saudação abaixo.