Na minha atividade jornalística, tenho o privilégio de ter tido contato próximo de grandes nomes do nosso jornalismo e de ter visto a dimensão humana dessas pessoas. Muito me orgulha ter sido colega de Amir Domingues, Manoel Braga Gastal, Vitor Morais, Clóvis Ott, Paulo Acosta, entre outros, com os quais muito aprendi.
Agora, quando fico sabendo da morte do Milton Jung, grande nome da imprensa gaúcha, de voz única e inconfundível, me vêm à mente os muitos momentos em que conversamos e desfrutamos em comum no Correio do Povo e na empresa Caldas Júnior. Ele gostava muito de falar sobre língua portuguesa e era extremamente respeitoso com o meu trabalho, algo que era recíproco.
Neste momento de saudades e de dor, quero externar minha solidariedade à sua família e aos seus amigos. Tu fizeste parte das nossas vidas, amigo Milton Jung. Agora, passas a integrar também a história do rádio e da comunicação do Rio Grande do Sul e do Brasil. Deixo minha lembrança e meu carinho com teu legado.
Em tua homenagem, reproduzo o poema a seguir, que fala do vazio que deixa um amigo quando parte para outras paragens.
http://www.landrooviedo.com/visualizar.php?idt=6567258
Depois de vencer novas expedições romanas contra seu exército de escravos, enviadas pelo senador Graco, Espártaco poupa a vida de um soldado romano para que ele possa levar sua mensagem ao Senado, um antro de velhacos da cidade eterna. Assim falou o sobrevivente:
Volta para o Senado (dissera Espártaco) e entrega-lhes a vara de marfim. Faço-te legado. Volta e conta-lhes o que viste aqui. Dize-lhe que enviaram suas coortes contra nós e que as destruímos. Dize-lhe que somos escravos – o que chamam de instrumentum vocale. O instrumento com voz. Dize-lhes o que diz nossa voz. Dizemos que o mundo está cansado deles, cansado de seu Senado podre e de sua Roma podre. O mundo está cansado da riqueza e esplendor que extraíram do nosso sangue e ossos. O mundo está cansado da canção do chicote. É a única canção que conhecem os nobres romanos. Mas não queremos mais ouvir essa canção. No começo dos tempos, todos os homens eram iguais e viviam em paz, repartindo entre si o que possuíam. Mas agora existem duas espécies de homens, o senhor e o escravo. Somos, porém, mais numerosos que vós, muito mais. E somos mais fortes, melhores que vós. Tudo o que existe de bom na humanidade nos pertence. Amamos nossas mulheres e as protegemos e lutamos com elas. Mas vós transformais vossas mulheres em prostitutas e nossas mulheres em gado. Choramos quando nossos filhos nos são arrancados e os escondemos entre os rebanhos, para que os possamos ter por mais tempo ao nosso lado; mas criais vossos filhos como quem cria gado. Tendes filhos com nossas mulheres, e os vendeis no mercado de escravos a quem pagar mais. Transformais homens em cães, e os enviais à arena a fim de que se estraçalhem para vosso deleite, e enquanto assistem o espetáculo de nossa morte, vossas nobres damas romanas acariciam cachorrinhos ao colo e os alimentam com iguarias finas. Que criaturas repugnantes sois e que imundície fizestes na vida! Tornastes em deboche tudo com que sonham os homens, o trabalho da mão de um homem, o suor da fronte de um homem. Vossos próprios cidadãos vivem de esmolas e passam os dias no circo ou na arena. Fizeste da vida humana uma farsa e roubaste-lhe todo o seu valor. Matais pelo prazer de matar, e vossa suave diversão é ver correr sangue. Mandais criancinhas para vossas minas e em poucos meses as matais de trabalho. E edificaste vossa grandeza roubando o mundo. Mas agora, isto acabou. Dize a teu Senado que está acabado. Esta é a voz do instrumento. Dize a teu Senado que mande seu exército contra nós, e os destruiremos como destruímos estas coortes, e nos armaremos com as armas dos exércitos que mandaram contra nós. O mundo todo ouvirá a voz do instrumento – gritaremos aos escravos do mundo: “Erguei-vos e rompei vossas cadeias!” Percorreremos a Itália, e onde formos os escravos se reunirão a nós – e então, um dia, investiremos contra vossa cidade eterna. Deixará de ser eterna, então. Dize isto a teu Senado. Dize-lhes que os avisaremos da nossa chegada. Arrasaremos as muralhas de Roma. Iremos à casa onde está instalado o teu Senado, e arrastaremos os senadores de seus poderosos lugares e arrancaremos as roupas para que fiquem nus e sejam julgados como sempre fomos julgados. Mas os julgaremos com justiça, toda a justiça que não merecem. Cada crime que cometeram lhes será imputado, e haverá um relato completo. Dize-lhes isto, a fim de que se preparem e examinem suas consciências. Terão que prestar testemunho, e nós, escravos, temos uma boa memória. Depois, quando tiver sido feita a justiça, edificaremos melhores cidades, limpas e belas cidades sem muralhas – onde a humanidade possa viver em paz e felicidade. É esta a mensagem ao Senado. Agora, vai transmiti-la. Dize-lhes que é de um escravo chamado Espártaco.
Desde tempos imemoriais, o mundo é formado por um punhado de idealistas, milhões de oportunistas e bilhões de deserdados. A luta é árdua, mas não começou hoje. As vilanias e as injustiças sociais são ervas daninhas que se enraízam para emergir no quintal das plantas nocivas à humanidade. Arrancá-las é uma tarefa que se prolonga na história e demanda a memória e a entrega de várias gerações. Espártaco fez a sua parte e, do fundo de suas desditas, reclama que seus pósteros igualmente façam a sua.
Esse mundo tá virado
Cada um tem seu chavão
De um lado o idiotismo
De outro a corrupção
É por isso que eu bebo
Pra aguentar a chateação.
Presidente Jair Bolsonaro
Quero que o senhor pegue esta "fortuna" da parte que me toca e enfie em seu orifício anal. Vou me sentir muito mais bem remunerado.
Para me ressarcir das mediocridades que afloram neste país, como Jair Bolsonaro, admirado e endeusado por ingênuos, alienados e espertos por natureza; depois de ver o sacripanta do deputado federal Rodrigo Maia saqueando o futuro e os anos derradeiros de milhões de brasileiros na reforma da Previdência; resolvi assistir ao filme sobre este grande gênio da humanidade, Louis Pasteur. É uma forma de me lembrar de que, na humanidade, temos gente de toda espécie. Alguns são grandiosos, outros são vermes. Também há os que são apenas desavisados.